quarta-feira, 4 de maio de 2011
MÃE EWÁ
FALANDO SOBRE…EWA
Fernandes Portugal explica que:
“IEWÁ É um Orisá feminino. E não é uma Osun como dizem. É Orisá das águas doces, veste vermelho e amarelo, usa um filá, não tem imbé, tem um adê, até a altura dos quadris, trançado em palha da costa incrustado de búzios. Vem ao barracão com um arpão e uma lança, e às vezes, com uma lira. É assentada de duas maneiras e quase sempre seu Orisá adjunto, é Osun. Uma característica importante de Yewá, é que ela não tem filho homem. Pode ocorrer mas não se assenta. Assenta-se Osalá, depois Yewá. Outra característica também, é que ela vem acompanhada de um Odú…
Odu – Ossá, que se a pessoa não tomar cuidados, em idade avançada terá problemas nas pernas. É um Orisá que as pessoas conhecem pouco, mas extremamente perigoso.
YEWÁ come lelé (milho socado com pedaços de côco) no Osé anual, come comidas brancas diversas. É deusa do Rio Yewá, na Nigéria e da Lagoa Yewá, também na Nigéria. É cultuada nos candomblés, tendo poucos filhos. Em alguns terreiros é considerada irmã de Yansã e em outros é considerada a cobra fêmea, esposa de Osumarê, representando a faixa branca do arco íris. Em alguns é confundida com Osun. É uma linda Ayabá, da água doce, o seu okutá é a pedra do rio, colocada dentro de uma gamela com azeite doce, mel, junto a uma medalha de latão ou a miniatura de um arpão, que é o seu símbolo; em outros é uma cobra de metal.
Quando dança leva o arpão na mão esquerda, e na direita uma espada também de latão com a qual simula movimentos de luta, pois é guerreira. O seu dia de culto é sábado.
…
Indumentárias: saia vermelha com bolas brancas, ojá vermelho com laço na frente, pano da costa, preso na cintura, na cabeça uma trança de palha da costa, sobre um ojá vermelho; em alguns terreiros Yewá usa rosa, azul e amarelo. Os fios de contas são em vermelho e amarelo ou vermelho translúcidas.” – Curso de Cultura Religiosa Afro-Brasileira, Fernandes Portugal, Livraria Freitas Bastos, 1ª edição, 1988, páginas 73-74.
Mário Barcellos alude que:
“Ewá, Orixá que transforma a água líquida em gasosa, gerando as nuvens e a chuva. Divindade do canto, da alegria; Senhora das transformações orgânicas e inorgânicas; Deusa da mutação, de belas transformações; divindade de raro encanto e beleza.
Elemento: água / ar (há quem diga que o fogo é um elemento de Ewá).
Psique dos filhos de Ewá: Ewá é Orixá fundamentado com Iansã e Oxum, dando-lhe características especiais, pois mistura demasiadamente os its destas outras duas divindades iorubanas. Seus filhos (de Ewá), são pessoas extremamente dóceis, carinhosas, mas também muito agitadas e falantes” – Os Orixás e a Personalidade Humana, página 53.
Há quem diga que as filhas de Ewá são secas, taciturnas, de saúde precária, enérgicas, nervosas, honestas e trabalhadoras…
Lendas:
I)
Ewá era uma linda mulher que morava num reino distante de Ifé. Com seu jeito de princesa, causava admiração por onde passava. Vivia às margens de um rio e podia invocar as forças das chuvas e dos ventos para favorecer as colheitas. Um dia, quando se banhava no rio, um arco-íris se formou diante dela, a imensidão da luz impressionou Ewá, a qual sentiu que alguém a protegia e a envolvia. Correu para contar aos outros habitantes da região o que presenciara; mas assim que deixou a água, olhou para trás e viu que o arco-íris desaparecera, restando apenas algumas moedas no local.
No outro dia, a cena se repetiu. Ela seguiu então em direção do rio, para ver onde terminava o arco-íris. Nadou por três dias e três noites, até chegar à outra ponta. Lá havia uma coroa de ouro, que Ewá, cheia de curiosidade, tomou nas mãos. Então Oxumaré, o orixá da riqueza, apareceu diante dela, dizendo-se encantado com sua beleza.
Ewá se apaixonou pelo deus e pediu-lhe que a tornasse um orixá. Assim transformou-se numa cobra, vivendo para sempre com Oxumaré.
II)
Conta –se que Xangô (um eterno conquistador / há quem diga que foi Oxóssi nessa lenda…), mesmo casado com a ciumenta Oyá, vinha se encontrando às escondidas com Yewá. Yansã descobriu e mandou a fúria da tempestade e dos ventos atrás de Yewá, que, assustada, embrenhou-se na mata, tendo sido protegida por Obaluayê, que se tornou seu marido.
E vários Orikis falam dessa fuga de Yewá de uma enfurecida Yansã.
Pai Kabila aconselha à filhas de Yewá:
“Banho: ei eu abo – melissa – cipó cruz – melão de são caetano – trepadeira.
Comida: banana da terra cortadas em fatias e fritas no azeite de dendê, uma garrafa de aruá e uma vela branca.
Entregar: no mato, perto da água.” – Revista Orixá, ano 1, n. 8.
Ewá é a virgem das fontes e matas intocadas. Dizem alguns zeladores que se uma filha de santo trouxer Yewá como eledá (santo pricipal), deve ser iniciada enquanto for ainda virgem, pois Yewá não rodaria na yaô se a mesma não conservasse a sua pureza intocada. Isso é um tanto polêmico, havendo quem discorde disso.
Se não se puder entregar a yaô para Yewá, muitos discutem sobre se deve ser entregue para Oxum ou para Yemanjá. Na minha opinião, deve ser para Yemanjá. Yewá está mais para Yemanjá que para Oxum. Se for homem, pra Oxalá.
É um Orixá perigoso, daí porque não daremos receitas, nem incentivaremos que o leigo trate de Yewá. Se ela não apreciar uma oferenda, pode se enquizilar com a pessoa, causando-lhe grandes problemas, inclusive de saúde. Eis um alerta.
ARQUÉTIPOS DOS FILHOS DE EWÁ:
A filha de Ewá muda de personalidade assim como o clima pode mudar várias vezes em um mesmo dia.
Encantadora, autoconfiante e tagarela, remexe-se o tempo inteiro, também não consegue controlar ser caráter temperamental e não sabe ceder (esta palavra está abolida de seu dicionário).
Adora que os outros prestem atenção nos seus comentários.
Fica irritada quando doente, sentindo-se bem quando rodeada de amigos. Não aceita os conselhos médicos pois seu caráter é desafiador.
Com uma vivacidade de causar inveja a qualquer pessoa, consegue fazer várias coisas ao mesmo tempo; tudo sempre às pressas.
Desobediente e um pouco teimosa, sente-se bem quando fantasia a realidade, pois faz com que sua vida não fique tão monótona. Adora perigos e viagens de última hora.
Pode ter sérios problemas quando atinge a velhice. Enquanto isso não acontece, viver é o melhor verbo para ela.
Na verdade são trabalhadoras como as filhas de Yansã, são ótimas esposas e maridos (estes, se feitos, o são para Oxalá como já explicado).
As características negativas, acentua Barcellos, é que como as filhas da Oxum, são dadas às falsidades e à intrigas. Pegando algumas características ruins de Yansã, podem ser fofoqueiras, e dadas a ver o circo pegar fogo. Não costumam obedecer a ninguém, podem ser malcriadas, e quando recolhidas, tornam-se inconvenientes, impertinentes e desagradáveis (Barcellos).
Podem ser do tipo mimado, cheio de desejos e exigências.
TIPO FÍSICO: são de estatura média/baixa; olhos grandes; magras com gordurinha nos quadris; rosto bem marcado e sobrancelhas bem finas.
Qualidades do Orixá Yewá:
Gebeuyin: a primeira a surgir no mundo. Faz os banhos de ervas agirem positivamente e traz a abundância de alimentos. Veste vermelho maravilha e amarelo claro. Come com Omolu, Oyá e Oxum. Nas tempestades ela pode se transformar numa serpente azulada.
Gyran: ela é a deusa dos raios do sol. Controla os raios solares para que eles não destruam a terra. É a formação do arco-íris duplo que aparece em torno do sol. Metade é Ewá e a outra é Bessém. Seu otá é esverdeado. Platina, rubi, ouro e bronze vão em seu assentamento. come com Omolu, Oxum e Oxossi.
- CANTIGAS PARA EWA:
EUÁ EUÁ MAAJÔ
EUÁ EUÁ
EUÁ EUÁ MAAJÔ
EUÁ EUÁ
OIÁ LOJÁ IRÚ
LEÉSSERÉ
EUÁ EUÁ MAAJÔ
Oriki (colhido do livro EBÓS FEITIÇOS AFRO-CUBANOS, Anthony Ferreira, Editora Eco, página 139):
Yewa ri omase si mi omo iwo teiba ni tosi lê ni axé ni iwo ni
MAIS SOBRE EWÁ...
Ewá se desilude com Xangô e abandona o mundo dos vivos.
Ewá filha de Obatalá, viva enclausurada em seu palácio. O amor de Obatalá por ela era possessivo. A fama de sua beleza chagava a toda parte, inclusive aos ouvidos de Xangô. Mulherengo como era, Xangô planejou seduzir Ewá. Empregou-se no palácio para cuidar dos jardins. Um dia Ewá apareceu na janela e deslumbrou-se com o jardineiro. Ewá nunca vira um homem assim tão fascinante.
Xangô deu muitos presentes a Ewá. Deu-lhe uma cabaça enfeitada com búzios, com uma obra por fora e mil mistérios por dentro, um pequeno mundo de segredos, um adô. E Ewá entregou-se a Xangô. Ele fez Ewá muito infeliz até que ela renegou sua paixão.
Decidiu se retirar do mundo dos vivos e pediu ao pai que a enviasse a um lugar distante, onde homem algum pudesse vê-la novamente. Obatalá deu então a Ewá o reino dos mortos, que os vivos temem e evitam. Desde então é ela quem domina o cemitério. Ali ela entrega a Oyá os cadáveres dos humanos, os mortos que Obaluaê conduz a orixá Oco, e que orixá Oco devora para que voltem novamente à terra, terra de Nanã de que foram um dia feitos. Ninguém incomoda Ewá no cemitério.
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