sexta-feira, 30 de setembro de 2011

IYÁ MI ONYRÁ


IYÁ MI ONYRÁ
Existia nas terras de Irá, uma linda moça chamada Onira(senhora de Irá),ela sempre comandava seu povo com sabedoria.Mas,ela tinha um grande problema: Adorava lutar e se sentia bem em matar seus inimigos.Onira era descontrolada quando tinha em punho sua adaga de guerra.Certo dia enlouqueceu de vez,chegou a um vilarejo e matou todos que alí encontrou.Os sábios da cidade de Irá resolveram procurar Oxalá para que ele na condição de Rei ,mandasse que Onira parasse de matar.
Onira recebeu o recado que Oxalá queria vê-la e foi até Ilê Ifé (palácio de Oxalá).Chegando lá Oxalá assustou-se pois as roupas de Onira eram vermelhas de tanto sangue de suas vítimas. Ela ajoelhou-se e perguntou o que o grande Rei queria. Oxalá mandou que trouxessem uma grande quantidade de Efun (seu pó branco sagrado).Pegou seu pó e jogou sobre Onira. Na mesma hora suas vestes de cor vermelha, tornaram-se rosa por causa da mistura do pó branco com o sangue. Ele ordenou que Onira não mataria mais ninguém, e que ela jamais vestiria vermelho em publico. Que rosa seria sua cor. E já que ela era uma moça tão quente, que fosse morar nas águas junto a Oxum.
E lhe disse:
Onira minha filha, és uma moça tão bela,tão doce, por que matas?
Sinto-me bem quando tiro a vida de alguém, mais sei que isso não é certo.
Foi então que Oxalá teve uma idéia.
Já qeu você gosta de lidar com a vida e com a morte,você terá junto com Oyá o domínio sobre os Eguns.Não tirarás mais a vida de ninguém, apenas irá conduzir os que já se foram.
Está certo Oxalá, seu desejo será realizado mas não tire de mim minha adaga
Pode deixar, mais agora vá morar na cachoeira com Oxum.
Onira obedeceu a Oxalá, foi morar na cachoeira. Chegando lá Oxum ria e debochava dela, mais resolveu ser sua amiga. Porém Onira muito mal humorada, não queria papo. Até que um dia ela adormeceu sobre uma pedra, as águas da cachoeira subiram e Onira estava morrendo afogada, Oxum vendo o que estava acontecendo, mergulhou e foi salva-la, chegando lá Onira estava quase morta. Oxum resolveu fazer um feitiço e na mesma hora Onira reviveu e transformou-se em uma espécie de lava que lava, que correu rio a fora. Onira transformou-se em um rio de fogo. Oxum pensou que Onira havia morrido, chorou por horas, sem saber o que diria a Oxalá já que ele a incubiu de tomar conta da moça atrevida. Foi então que surgiu uma borboleta linda de cor salmão com tons alaranjados, que voava ao redor de Oxum. Ela tentou pegar a borboleta que voou para dentro da floresta. Oxum seguiu a borboleta que parou em frente a uma árvore e tomou a forma da linda Onira. Oxum não acreditava no que via, e Onira lhe disse:
Por que choravas minha amiga, estou aqui viva, e graças a você!
Graças a mim porquê Onira? Eu não fiz nada.
Na hora que eu estava morrendo vocÊ fez um feitiço e dividiu comigo todo seu encanto, agora sou uma NINFA(mulher encantada),assim como você, tenho poderes de transformação. Posso ser um RIO de FOGO nos meus momentos de ira, posso ser um BÚFALO quando eu quiser ficar sozinha, e me transformo na mais bela BORBOLETA quando estiver feliz. E Onira foi até Oxalá lhe contar o que havia acontecido, ele ficou feliz mais sabia que toda esta mudança jamais acalmaria Onira, e que por dentro ela ainda seria aquela guerreira incansável. Mandou então que ela fosse morar com Oyá e aprender a dominar os Eguns. Depois Onira mudou-se e foi viver com Oxosse, como ele foi criada como caçadora.

CURIOSIDADE SOBRE ONYRÁ
Divindade que está muito ligada ao culto de Oyá ou Yansã é a divindade Ebora Yoruba denominada de Onirá.
Onirá, como o próprio nome sugere, foi uma sacerdotisa do culto à Oxum nas regiões Ilexá e Ijebu, na Nigéria.

Onirá fazia parte das mulheres guerreiras que guardavam os domínios de Oxum. Conta-se que foi Onirá que ajudou Laro a fazer o grande pacto na região de Oxobo. Onirá, em verdade, seria uma das filhas de Laro e é ela que no dia da festa anual à Oxum, em Oxobo, que carrega a cabaça contendo os objetos sagrados de Oxum, ou seja, Onirá é a Arugba Oxum ou "aquela que leva a cabaça de Oxum". Isto porque, como desvenda o mito, Onirá teria desaparecido dentro do rio e mediante a graça de Oxum, reapareceu divinamente vestida. Este é o motivo da associação de Onirá com Oxum.

Dizer que Oníra é uma ninfa, nós estamos sincrtizando os Orixás e Voduns com a mitologia Grega (Ninfa), é um Orixá muito complexo por não ser uma Oyá, vem nos caminhos da maioria dos Oborós, uma "Oyá" muito perigosa.

ONYRÁ QUALIDADE DE OYA OU ORISÁ INDEPENDENTE?
A "Iansã Onira" é uma Iansã com algumas características diferentes do padrão de Iansã, como por exemplo o fato de ela se dar muito bem com Oxum, e até mesmo as próprias cores - as suas são mais suaves e clarinhas, com tons de azul e rosa, muitas vezes coral e amarelo, diferente das cores fortes de Iansã como o vermelho. Nem por isso ela deixa de ser a guerreira, e de ser agressiva e violenta.

Na verdade Onira é um orixá "independente". Acho que foi no Brasil que se ligou Onira a Iansã, exatamente por ela também ser guerreira, e por ela ter ligação com os Eguns. Mas é uma mãe da água doce, como Oxum, daí a sua identificação com ela. Segundo a lenda, foi Onira quem ensinou Oxum a lutar.

Em Cuba chega-se a associar Onira a Ogum.
Oya onira so poderia ser uma linda guerreira, pois além de ser uma Oya ela tem caminho com Osun e Ewa é a rainha do Belo, do inexplorado das mudanças e ciclos de nossas vidas.

DIVINDADE EBORA YORUBA DENOMINADA DE ONYRÁ
Outra divindade que está muito ligada ao culto de Oyá ou Yansã é a divindade Ebora Yoruba denominada de Onirá. Onirá, como o próprio nome sugere, foi uma sacerdotisa do culto à Oxum nas regiões Ilexá e Ijebu, na Nigéria.
Onirá fazia parte das mulheres guerreiras que guardavam os domínios de Oxum. Conta-se que foi Onirá que ajudou Laro a fazer o grande pacto na região de Oxobo. Onirá, em verdade, seria uma das filhas de Laro e é ela que no dia da festa anual à Oxum, em Oxobo, que carrega a cabaça contendo os objetos sagrados de Oxum, ou seja, Onirá é a Arugba Oxum ou "aquela que leva a cabaça de Oxum". Isto porque, como desvenda o mito, Onirá teria desaparecido dentro do rio e mediante a graça de Oxum, reapareceu divinamente vestida. Este é o motivo da associação de Onirá com Oxum.
Na Mitologia Yoruba, o nome Oyà provém do rio de mesmo nome na Nigéria, país que faz parte de Yoruba, atualmente chamado de rio Níger. No entanto, não se trata de uma divindade das águas, mas da Senhora dos ventos, raios e tempestades, elemento fogo, seu metal é o cobre. Também chamada de Oyà - Yánsàn.

O seu culto está associado à morte e aos ancestrais, por saber lidar com os eguns, é ela que os encaminha, manifesta-se nos rituais de Àsèsè (Axexê em português).

Foi espôsa de Ogun e posteriormente uma das três mulheres de Sangó.

Oyà é aquela que divide com Sangó o asè de soltar fogo pela boca e o acompanha nas batalhas, tendo alcançado ao seu lado grandes vitórias.

Oferendas: àkàrà ou acarajé, ekuru e abará."

*Os filhos de OYÀ são pessoas agitadas. Diretos no que querem, não escondem sentimentos de ninguém. Uma grande ofensa a Oiyà é a agressão, de qualquer espécie, aos seus filhos. O agressor terá um adversário até à morte.
ONYRÁ SUA HISTÓRIA E LENDA

É uma qualidade de orixá no camdomblé.

A "Iansã Onira" é uma Iansã com algumas características diferentes do padrão de Iansã, como por exemplo o fato de ela se dar muito bem com Oxum, e até mesmo as próprias cores - as suas são mais suaves e clarinhas, com tons de azul e rosa, muitas vezes coral e amarelo, diferente das cores fortes de Iansã como o vermelho. Nem porisso ela deixa de ser a guerreira, e de ser agressiva e violenta.

Na verdade Onira é um orixá "independente". Acho que foi no Brasil que se ligou Onira a Iansã, exatamente por ela também ser guerreira, e por ela ter ligação com os Eguns. Mas é uma mãe da água doce, como Oxum, daí a sua identificação com ela. Segundo a lenda, foi Onira quem ensinou Oxum a lutar.
Eu preferiria chamá-la só mesmo de Onira, e não Iansã Onyra.

YANSÃ ONYRÁ
Yansã Onira" é uma qualidade de Yansã (Oyá) guerreira, mas que é uma ninfa das águas doces, com ligação direta com o culto dos Eguns (almas). É a dona do "atori", uma pequena vara usada no culto de Oxalá para chamar os mortos na intenção de fazê-los participar da cerimônia. A função do "atori" é a de, assim que ao ser tocada batida no chão, que se faça o poder de fazer reinar a paz no local ou na vida de alguém e trazer-lhe abundância. O "atori" também tem a força de mandar chover regularmente para trazer a prosperidade."Yansã Onira" deu a Oxaguiã o "atori" e seu poder de exercê-lo, além de ter lhe ensinado o fundamento e como usá-lo. Em anos regidos por Oxaguiã, é preciso agradar muito a essa qualidade de Yansã para que ela permita que, através dela, Oxaguiã traga a paz e a abundância."Yansã Onira" é a mãe de criação de "Logun-Edé Apanan". Por isso, toda oferenda para essa orixá, deverá também ser oferecido um agrado a essa qualidade do orixá Logun-Edé."Yansã Onira" reina no mundo dos mortos e tem ligação direta com Obaluaiê e Ogum, sendo que sua ligação maior é com "Oxum Opará", que recebeu dessa qualidade de Yansã os ensinamentos para lutar e ser guerreira. Foi "Yansã Onira" que ensinou "Oxum Opará" a lutar."Oxum Opará" ser tornou então, companheira inseparável de "Yansã Onira", comendo juntas no bambuzal ou nos rios e tendo aprendido os fundamentos dos Eguns. Sendo assim, essa qualidade de Oxum, também tem relação direta com os Eguns (almas). Quando "Yansã Onira" e "Oxum Opará" se juntam, se tornam muito perigosas pois têm em dobro a força e a sabedoria dos guerreiros .

MAIS SOBRE ONIRÁ
É uma ninfa das águas doces e seu culto aqui no Brasil é confundido com o culto das outras Oyá's por ser uma grande guerreira. É saudada como Oyá, sendo seu culto na África totalmente diferente. Tem ligação com o culto a Egun. Tem grande ligação com Oxum, pois foi ela quem ensinou Oxum Opara a lutar. É muito perigosa por sua ligação e caminhos com Oxaguiã, Ogum e Obaluaiê. Veste coral e amarelo. É Rainha da cidade de Ira (filha ou mulher de Sàngó). "Onirá" na África é um título de Oiá, significando "Senhora da Cidade de Irá".
OYÁ ONYRÁ

Oyà Onira – Rainha da cidade de Ira, guerreira e agressiva, companheira de Oxum, dona das estradas, principalmente com nas encruzilhadas, tem quizila com Ogum.


sábado, 17 de setembro de 2011

HOMENAGEM À COSME E DAMIÃO



27 DE SETEMBRO
DIA DE SÃO COSME E SÃO DAMIÃO

Cosme e Damião foram martirizados na Síria, porém é desconhecida a forma como morreram. Seu culto já estava estabilizado no Mediterrâneo no século V. Perseguidos por Diocleciano, foram trucidados e muitos fiéis transportaram seus corpos para Roma, onde foram sepultados no maior templo dedicado a eles, feito pelo Papa Félix IV (526-30), na Basílica no Fórum de Roma com as iniciais SS - Cosme e Damião.
Alguns relatos atestam que eram originários da Arábia, mas de pais cristãos. Seus nomes verdadeiros eram Acta e Passio. Surgiram várias versões, mas nenhuma comprovada com fundamento histórico. Em uma das fontes, explica-se que eram dois irmãos, bons e caridosos que realizavam milagres. Alguns relatos afirmam que foram amarrados e jogados em um despenhadeiro sob a acusação de feitiçaria e inimigos dos deuses romanos. Em outra versão, na primeira tentativa de morte, foram afogados, mas salvos por anjos. Na segunda, foram queimados, mas o fogo não lhes causou dano algum. Apedrejados na terceira vez, as pedras voltaram para trás, sem atingi-los. Por fim, morreram degolados.

Depois de mortos, apareceram materializados ajudando crianças que sofriam violências. Ao gêmeo Acta é atribuído o milagre da levitação e ao gêmeo Passio a tranqüilidade da aceitação do seu martírio. A partir do século V os milagres de cura atribuídos aos gêmeos fizeram com que passassem a ser considerados médicos, pois, quando em vida, exerciam a medicina na Síria, em Egéia e Ásia Menor, sem receber qualquer pagamento. Por isso, eram chamados de anargiros, ou seja, inimigos do dinheiro. Mais tarde, foram escolhidos patronos dos cirurgiões.

Sempre confiantes em Deus, oravam e obtinham curas fantásticas. Também foram chamados de "santos pobres". Muitos esforços foram feitos para demonstrar que Cosme e Damião não existiram de fato, que eram apenas a versão cristã dos filhos gêmeos pagãos de Zeus. Isto não é verdade, embora haja evidências de que a superstição popular muitas vezes fez supor haver em seu culto uma adaptação do costume pagão.

No Brasil, em 1530, a igreja de Igarassu, em Pernambuco, consagrou Cosme e Damião como padroeiros. No dia 27 de setembro, quando é realizada a festa aos santos gêmeos, as igrejas e os templos das religiões afro-brasileiras são enfeitados com bandeirolas e alegres desenhos.

No candomblé, são associados aos "ibejis", gêmeos amigos das crianças que teriam a capacidade de agilizar qualquer pedido que lhes fosse feito em troca de doces e guloseimas. O nome Cosme significa " o enfeitado" e Damião, "o popular".

Padroados: Farmacêuticos; Faculdades de Medicina; Barbeiros e Cabeleireiros.

Protege: Orfanatos; Creches; Doceiras; Filhos em casa; Contra hérnia e Contra a peste.

Emblema: caixa com ungüentos, frasco de remédios, folha de palmeira.

Pesquisa: Terra Esotérico

Oração a São Cosme e São Damião

Amados São Cosme e São Damião,
Em nome do Todo-Poderoso
Eu busco em vós a bênção e o amor.

Com a capacidade de renovar e regenerar,
Com o poder de aniquilar qualquer efeito negativo
De causas decorrentes
Do passado e presente,
Imploro pela perfeita reparação
Do meu corpo e
Dos meus filhos
(...............................................)
nome dos filhos
E de minha família.

Agora e sempre,
Desejando que a luz dos santos gêmeos
Esteja em meu coração!
Vitalize meu lar,
A cada dia,
Trazendo-me paz, saúde e tranqüilidade.

Amados São Cosme e Damião,
Eu prometo que,
Alcançando a graça,
Não os esquecerei jamais!
Assim seja,
Salve São Cosme e Damião,
Amém!

[Ao alcançar a graça, fazer um bolo ou oferecer uma festa às crianças de rua, orfanatos ou creches.]
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Erês
No Candomblé, Erê ou Eré (do iorubá iré, "brincadeira, divertimento") é tido como um espírito que se manifesta no início do transe do iniciado e serve de intermediário entre este e o orixá e traz suas mensagens (pois, no Candomblé, o orixá não fala). O comportamento do iniciado em estado de erê tende a ser infantil, fugindo do caráter rígido e convencional atribuído a seu orixá. Mostra-se irrequieto, barulhento, às vezes brigão. Os erês recebem nomes ligados ao orixá do iniciado: Pipocão e Formigão, para os filhos de Obaluaiê; Pingo Verde e Folhinha Verde, para os de Oxóssi; Rosinha, para os de Oxum; Conchinha Dourada para um de Iemanjá, por exemplo.




Erês na Umbanda

Na Umbanda, erês, ibejada, dois-dois, crianças, ou ibejis são entidades de caráter infantil, que simbolizam pureza, inocência e singeleza e se entregam a brincadeiras e divertimentos. Pedem-lhes ajuda para os filhos, para fazer confidências e resolver problemas. Geralmente supõe-se que são espíritos que desencarnaram com pouca idade e trazem características de sua última encarnação, como trejeitos e fala de criança e o gosto por brinquedos e doces. Diz-se que optaram por continuar sua evolução espiritual através da prática de caridade, incorporando em médiuns nos terreiros de Umbanda.
São tidos como mensageiro dos Orixás, respeitados pelos caboclos e pretos-velhos. Geralmente, são agrupados em uma linha própria, chamada de Linha das Crianças, Linha de Yori ou Linha de Ibêji. Costumam ter nomes típicos de crianças brasileiras, como Rosinha, Mariazinha, Ritinha, Pedrinho, Paulinho, Vítor, Cosminho. Seus líderes de falange incluem Cosme e Damião. Comem bolos, balas, refrigerantes, normalmente guaraná e frutas.

Diz-se que os pedidos feitos a uma criança incorporada (frequentemente de cura) normalmente são atendidos de maneira bastante rápida, mas a cobrança dos presentes prometidos também é as "travessuras" que podem fazer a quem não cumpre a promessa.
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AS CRIANÇAS



São a alegria que contagia a Umbanda. Descem nos terreiros simbolizando a pureza, a inocência e a singeleza. Seus trabalhos se resumem em brincadeiras e divertimentos. Podemos pedir-lhes ajuda para os nossos filhos, resolução de problemas, fazer confidências, mexericos, mas nunca para o mal, pois eles não atendem pedidos dessa natureza. São espíritos que já estiveram encarnados na terra e que optaram por continuar sua evolução espiritual através da prática de caridade, incorporando em médiuns nos terreiros de Umbanda. Em sua maioria, foram espíritos que desencarnaram com pouca idade (terrena), por isso trazem características de sua última encarnação, como o trejeito e a fala de criança, o gosto por brinquedos e doces.
Assim como todos os servidores dos Orixás, elas também tem funções bem específicas, e a principal delas é a de mensageiro dos Orixás, sendo extremamente respeitados pelos caboclos e pelos pretos-velhos. É uma falange de espíritos que assumem em forma e modos, a mentalidade infantil. Como no plano material, também no plano espiritual, a criança não se governa, tem sempre que ser tutelada. É a única linha em que a comida de santo (Amalás), leva tempero especial (açúcar). É conhecido nos terreiros de Nação e Candomblé, como (ÊRES ou IBEJI). Na representação nos pontos riscados, Ibeji é livre para utilizar o que melhor lhe aprouver. A linha de Ibeji é tão independente quanto à linha de Exu. Ibeijada, Erês, Dois-Dois, Crianças, Ibejis, são esses vários nomes para essas entidades que se apresentam de maneira infantil.
No Candomblé, o Erê, tem uma função muito importante. Como o Orixá não fala, é ele quem vem para dar os recados do pai. É normalmente muito irrequieto, barulhento, às vezes brigão, não gosta de tomar banho, e nas festas se não for contido pode literalmente botar fogo no oceano. Ainda no Candomblé, o Erê tem muitas outras funções, o Yaô, virado no Erê, pode fazer tudo o que o Orixá não pode, até mesmo as funções fisiológicas do médium, ele pode fazer. O Erê muitas vezes em casos de necessidade extrema ou perigo para o médium, pode manifestar-se e trazê-lo para a roça, pegando até mesmo uma condução se for o caso.

Na Umbanda mais uma vez, vemos a diferença entre as entidades/divindades. A Criança na Umbanda é apenas uma manifestação de um espírito cujo desencarne normalmente se deu em idades infanto-juvenis. São tão barulhentos como os Erês, embora alguns são bem mais tranqüilos e comportados. No Candomblé, os Erês, tem normalmente nomes ligados ao dono da coroa do médium. Para os filhos de Obaluaiê, Pipocão, Formigão, para os de Oxossi, Pingo Verde, Folinha Verde, para os de Oxum, Rosinha, para os de Yemanjá, Conchinha Dourada e por ai vai. As Crianças da Umbanda tem os nomes relacionados normalmente a nomes comums, normalmente brasileiros. Rosinha, Mariazinha, Ritinha, Pedrinho, Paulinho, Cosminho, etc…
As crianças de Umbanda comem bolos, balas, refrigerantes, normalmente guaraná e frutas, os Erês do Candomblé além desses, comem frangos e outras comidas ritualisticas como o Caruru, etc… Isso não quer dizer que uma Criança de Umbanda não poderá comer Caruru, por exemplo. Com Criança tudo pode acontecer. Quando incorporadas em um médium, gostam de brincar, correr e fazer brincadeiras (arte) como qualquer criança. É necessária muita concentração do médium (consciente), para não deixar que estas brincadeiras atrapalhem na mensagem a ser transmitida. Os “meninos” são em sua maioria mais bagunceiros, enquanto que as “meninas” são mais quietas e calminhas. Alguns deles incorporam pulando e gritando, outros descem chorando, outros estão sempre com fome, etc… Estas características, que às vezes nos passam desapercebido, são sempre formas que eles têm de exercer uma função específica, como a de descarregar o médium, o terreiro ou alguém da assistência. Os pedidos feitos a uma criança incorporada normalmente são atendidos de maneira bastante rápida. Entretanto a cobrança que elas fazem dos presentes prometidos também é. Nunca prometa um presente a uma criança e não o dê assim que seu pedido for atendido, pois a “brincadeira” (cobrança) que ela fará para lhe lembrar do prometido pode não ser tão “engraçada” assim. Poucos são aqueles que dão importância devida às giras das vibrações infantis. A exteriorização da mediunidade é apresentada nesta gira sempre em atitudes infantis. O fato, entretanto, é que uma gira de criança não deve ser interpretada como uma diversão, embora normalmente seja realizada em dias festivos, e às vezes não consegamos conter os risos diante das palavras e atitudes que as crianças tomam. Mesmo com tantas diferenças é possível notar-se a maior características de todos, que é mesmo a atitude infantil, o apego a brinquedos, bonecas, chupetas, carrinhos e bolas, como os quais fazem as festas nos terreiros, com as crianças comuns que lá vão a busca de tais brinquedos e guloseimas nos dias apropriados. A festa de Cosme e Damião, santos católicos sincretizados com Ibeiji, à 27 de Setembro é muito concorrida em quase todos os terreiros do pais.
Uma curiosidade: Cosme e Damião foram os primeiros santos a terem uma igreja erigida para seu culto no Brasil. Ela foi construída em Igarassu, Pernambuco e ainda existe. Não gostam de desmanchar demandas, nem de fazer desobsessões. Preferem as consultas, e em seu decorrer vão trabalhando com seu elemento de ação sobre o consulente, modificando e equilibrando sua vibração, regenerando os pontos de entrada de energia do corpo humano. Esses seres, mesmo sendo puros, não são tolos, pois identificam muito rapidamente nossos erros e falhas humanas. E não se calam quando em consulta, pois nos alertam sobre eles. Muitas entidades que atuam sob as vestes de um espírito infantil, são muito amigas e têm mais poder do que imaginamos. Mas como não são levadas muito a sério, o seu poder de ação fica oculto, são conselheiros e curadores, por isso foram associadas à Cosme e Damião, curadores que trabalhavam com a magia dos elementos.



MAGIA DA CRIANÇA

O elemento e força da natureza correspondente a Ibeji são… todos, pois ele poderá, de acordo com a necessidade, utilizar qualquer dos elementos. Eles manipulam as energias elementais e são portadores naturais de poderes só encontrados nos próprios Orixás que os regem. Estas entidades são a verdadeira expressão da alegria e da honestidade, dessa forma, apesar da aparência frágil, são verdadeiros magos e conseguem atingir o seu objetivo com uma força imensa, atuam em qualquer tipo de trabalho, mas, são mais procurados para os casos de família e gravidez. A Falange das Crianças é uma das poucas falanges que consegue dominar a magia. Embora as crianças brinquem, dancem e cantem, exigem respeito para o seu trabalho, pois atrás dessa vibração infantil, se escondem espíritos de extraordinários conhecimentos. Imaginem uma criança com menos de sete anos possuir a experiência e a vivência de um homem velho e ainda gozar a imunidade própria dos inocentes. A entidade conhecida na umbanda por erê é assim. Faz tipo de criança, pedindo como material de trabalho chupetas, bonecas, bolinhas de gude, doces, balas e as famosas águas de bolinhas -o refrigerante e trata a todos como tio e vô. Os erês são, via de regra, responsáveis pela limpeza espiritual do terreiro.

ONDE MORAM AS CRIANÇAS

A respeito das crianças desencarnadas, passamos a adaptar um interessante texto de Leadbeater, do seu livro “O que há além da Morte”. “A vida das crianças no mundo espiritual é de extrema felicidade. O espírito que se desprende de seu corpo físico com apenas alguns meses de idade, não se acostumou a esse e aos demais veículos inferiores, e assim a curta existência que tenha nos mundos astral e mental lhe será praticamente inconsciente. Mas o menino que tenha tido alguns anos de existência, quando já é capaz de gozos e prazeres inocentes, encontrará plenamente nos planos espirituais as coisas que deseje. A população infantil do mundo espiritual é vasta e feliz, a ponto de nenhum de seus membros sentir o tempo passar. As almas bondosas que amaram seus filhos continuam a amá-los ali, embora as crianças já não tenham corpo físico, e acompanham-nas em seus brinquedos ou em adverti-las a evitar aproximarem-se de quadros pouco agradáveis do mundo astral.” “Quando nossos corpos físicos adormecem, acordamos no mundo das crianças e com elas falamos como antigamente, de modo que a única diferença real é que nossa noite se tornou dia para elas, quando nos encontram e falam, ao passo que nosso dia lhes parece uma noite durante a qual estamos temporariamente separados delas, tal qual os amigos se separam quando se recolhem à noite para os seus dormitórios. Assim, as crianças jamais acham falta do seu pai ou mãe, de seus amigos ou animais de estimação, que durante o sono estão sempre em sua companhia como antes, e mesmo estão em relações mais íntimas e atraentes, por descobrirem muito mais da natureza de todos eles e os conhecerem melhor que antes. E podemos estar certos de que durante o dia elas estão cheias de companheiros novos de divertimento e de amigos adultos que velam socialmente por elas e suas necessidades, tomando-as intensamente felizes.” Assim é a vida espiritual das crianças que desencarnaram e aguardam, sempre felizes, acompanhadas e protegidas, uma nova encarnação. É claro que essas crianças, existindo dessa maneira, sentem-se profundamente entristecidas e constrangidas ao depararem-se com seus pais, amigos e parentes lamentando suas mortes físicas com gritos de desespero e manifestações de pesar ruidosas que a nada conduzem. O conhecimento da vida espiritual nos mostra que devemos nos controlar e nos apresentar sempre tranqüilos e seguros às crianças que amamos e que deixaram a vida física. Isso certamente as fará mais felizes e despreocupadas.
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OUTRO TEXTO:

Crianças – Erês

Yo
= Potência, ordem, princípio

Ri
= Reinar, iluminado

Ori
= Luz, esplendor

Yori
= Potência dos puros ou da pureza

São espíritos que já estiveram encarnados na terra e que optaram por continuar sua evolução espiritual através da prática de caridade, incorporando em médiuns nos terreiros de Umbanda. Em sua maioria, foram espíritos que desencarnaram com pouca idade (terrena), por isso trazem características de sua última encarnação, como o trejeito e a fala de criança, o gosto por brinquedos e doces.

Assim como todos os servidores dos Orixás, elas também tem funções bem específicas, e a principal delas é a de mensageiro dos Orixás.

Quando incorporadas em um médium, gostam de brincar, correr e fazer brincadeiras (arte) como qualquer criança. É necessário muita concentração do médium (consciente), para não deixar que estas brincadeiras atrapalhem na mensagem a ser transmitida. É comum em uma gira de criança, ver um médium “cambaleando” antes de incorporar inteiramente, isso se dá devido a “disputa” que estes espíritos travam para ver quem incorpora primeiro, bem típico desta linha.

Os “meninos” são em sua maioria mais bagunceiros, enquanto que as “meninas” são mais quietas e calminhas. Alguns deles incorporam pulando e gritando, outros descem chorando, outros estão sempre com fome, etc… Estas características, que as vezes nos passam desapercebido, são sempre formas que eles tem de exercer uma função específica, como a de descarregar o médium, o terreiro ou alguém da assistência.

Os pedidos feitos a uma criança incorporada normalmente é atendido de maneira bastante rápida. Entretanto a cobrança que elas fazem dos presentes prometidos também é. Nunca prometa um presente a uma criança e não o dê assim que seu pedido for atendido, pois a “brincadeira” (cobrança) que ela fará para lhe lembrar do prometido pode não ser tão “engraçada” assim.

São a alegria que contagia a Umbanda; são a pureza, a inocência e, por isso mesmo, os detentores da verdadeira magia, extremamente respeitados pelos Caboclos e pelos Pretos-Velhos.

A respeito das crianças desencarnadas, passamos a adaptar um interessante texto de Leadbeater, do seu livro “O que há além da Morte”.

“A vida das crianças no mundo espiritual é de extrema felicidade. O espírito que se desprende de seu corpo físico com apenas alguns meses de idade, não se acostumou a esse e aos demais veículos inferiores, e assim a curta existência que tenha nos mundos astral e mental lhe será praticamente inconsciente. Mas o menino que tenha tido alguns anos de existência, quando já é capaz de gozos e prazeres inocentes, encontrará plenamente nos planos espirituais as coisas que deseje. A população infantil do mundo espiritual é vasta e feliz, a ponto de nenhum de seus membros sentir o tempo passar. As almas bondosas que amaram seus filhos continuam a amá-los ali, embora as crianças já não tenham corpo físico e acompanham-nas em seus brinquedos ou em adverti-las a evitar aproximarem-se de quadros pouco agradáveis do mundo astral.”

“Quando nossos corpos físicos adormecem, acordamos no mundo das crianças e com elas falamos como antigamente, de modo que a única diferença real é que nossa noite se tornou dia para elas, quando nos encontram e falam, ao passo que nosso dia lhes parece uma noite durante a qual estamos temporariamente separados delas, tal qual os amigos se separam quando se recolhem à noite para os seus dormitórios. Assim, as crianças jamais acham falta do seu pai ou mãe, de seus amigos ou animais de estimação, que durante o sono estão sempre em sua companhia como antes, e mesmo estão em relações mais íntimas e atraentes, por descobrirem muito mais da natureza de todos eles e os conhecerem melhor que antes. E podemos estar certos de que durante o dia elas estão cheias de companheiros novos de divertimento e de amigos adultos que velam solicitamente por elas e suas necessidades, tomando-as intensamente felizes.”

Assim é a vida espiritual das crianças que desencarnaram e aguardam, sempre felizes, acompanhadas e protegidas, uma nova encarnação. É claro que essas crianças, existindo dessa maneira, sentem-se profundamente entristecidas e constrangidas ao depararem-se com seus pais, amigos e parentes lamentando suas mortes físicas com gritos de desespero e manifestações de pesar ruidosas que a nada conduzem. O conhecimento da vida espiritual nos mostra que devemos nos controlar e nos apresentar sempre tranqüilos e seguros às crianças que amamos e que deixaram a vida física. Isso certamente as fará mais felizes e despreocupadas.

Torna-se necessário informar, antes de prosseguirmos, que as entidades que trabalham na Umbanda são espíritos que já cessaram o seu ciclo de encarnações, e isso inclui as crianças. O fato de se apresentarem como crianças nas incorporações e na vidência nos mostra apenas que desencarnaram bem jovens da sua última vida física. Reencarnarão somente se lhe forem solicitados os seus préstimos novamente no plano terreno, por necessidade própria ou de terceiros, a quem vêm ajudar em seu desenvolvimento e evolução espiritual.

É freqüente nos perguntarem se as crianças continuam seu crescimento na vida espiritual depois da morte física. Alguns espíritas não alimentam dúvidas a esse respeito e aduzem numerosos exemplos de crianças que, anos depois de mortas, apareceram a seus pais tão mudadas que estes não as reconheceram. Mas nós, sabendo que a alma que abandonou um corpo infantil e vai reencarnar, o faz dentro de um período relativamente curto, nos inclinamos mais a receber com incredulidade tais informações, por não concordarmos com elas. Não devemos esquecer o fato de que qualquer entidade astral pode amoldar à sua vontade um veículo para si e aparecer a outrem como bem entender.

Disso resulta que as crianças mortas há tempo suficiente para se imaginarem o que desejariam ser quando crescidas, podem mostrar-se como tais em seu pensamento e assim crescer com grande rapidez. Nestas condições, seu corpo astral apareceria segundo a sua concepção, e se fossem auxiliadas a materializá-lo, exibiriam o fenômeno do crescimento a seus admirados amigos. No entanto, tal crescimento é apenas aparente e jamais corresponde ao crescimento natural do corpo físico. Não há, portanto, dúvida de que o desejo de um menino de chegar a ser homem, determina o aparente crescimento de seu corpo nas materializações, anos depois de sua morte.

Devemos lembrar também que o corpo causal que reveste o espírito nas subdivisões superiores do plano mental, antes da sua reencarnação, é sem forma. Portanto, a forma não é importante na entidade que já venceu o ciclo de reencarnações e a evolução espiritual das crianças nada tem a ver com o seu “crescimento” nos planos espirituais, pois esse crescimento só existe no nosso limitado mundo físico. Criança evolui, mas não cresce.

Os Erês são a energia de sublimação de Pai Oxalá, o último estágio de evolução antes das Câmaras de centrifugação. É errado achar que por se apresentarem como crianças essas entidades tenham menos força ou menos evolução que as demais. É exatamente o contrário. Esses espíritos são a própria alegria. Gostam de tudo que uma criança gosta, bala, guaraná, doces, brincadeiras, mel, brinquedos.

Não devem ser confundidos com Exú Mirim (Exú adulto de uma determinada falange do Comando dos Exús) e nem com os Meninos da Poeira (crianças da primeira faixa de evolução, comandados pelo Exú Calunga). Os Meninos da Poeira gostam de algazarra, não se misturam com os Erês. Eles devem ser tratados na tronqueira, especialmente, em dia de festa dos Erês. Deve-se ofertar 7 velas azuis-escuro, 7 moedas sem validade e 1 copo de pinga com groselha.

Usamos a bala de coco nas obrigações por causa do alto teor de glicose que atua como uma bateria de força para o médium.

Os Erês tem sua correspondência nos reinos de Pai Oxalá:

» Cosme: força das águas salgadas

» Damião: força das águas doces

» Doum: força das matas

» Crispim: força do tempo

» Crispiniano: força do calor

Essas forças tem ação e reação:

ENTIDADE /AÇÃO/ REAÇÃO
Cosme /Mariazinha da Praia /Zezinho da Praia
Damião /Pedrinho /Joaninha
Doum /Tapuia /Tupiaçuzinho
Crispim /Luluzinha /Chiquinho da Gomeia
Crispiniano /Aninha /Juquinha

Dia 27/09 (Festa de Criança)

São Cosme e Damião, os santos gêmeos, nasceram na Arábia, no século III, filhos de uma família nobre. Estudaram medicina na Síria e depois foram praticá-la em Egéia. Circunstancialmente entraram em contato com o Cristianismo, tornando-se fervorosos seguidores do cristianismo.

Confiando sempre no poder da oração e na confiança da providência divina usaram sua arte médica para curar os necessitados. Não cobravam por seus serviços médicos, e por esse motivo eram chamados de “anárgiros”, ou seja, aqueles que “não são comprados por dinheiro”. O seu objetivo principal era a conversão dos pagãos à fé cristã, o que bem faziam através da prática da medicina. Desta forma, conseguiram plantar em terra fértil a semente cristã em muitos corações, sendo numerosas as conversões.

Cosme e Damião viveram alguns anos como médicos e missionários na Ásia Menor. As atividades cristãs dos médicos gêmeos chamaram a atenção das autoridades locais da época, justamente quando o Imperador romano, Diocleciano, autoriza a perseguição aos cristãos, por volta do ano 300. Por pregarem o cristianismo em detrimento dos deuses pagãos, foram presos e levados a tribunal e acusados de se entregarem à prática de feitiçarias e de usar meios diabólicos para disfarçar as curas que realizavam. Ao serem questionados quanto as suas atividades, São Cosme e São Damião responderam: “Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo e pelo seu poder”. Recusando-se adorar os deuses pagãos, apesar das ameaças de serem torturados, disseram ao governador que os seus deuses pagãos não tinham poder algum sobre eles, e que eles só adorariam o Deus Único, Criador do Céu e da Terra“!

Por não renunciarem aos princípios religiosos cristãos sofreram terríveis torturas; porém, elas foram inúteis contra os santos gêmeos, e, em 303, o Imperador decretou que fossem decapitados. Cosme e Damião foram martirizados no ano de 303, na Egéia. Seus restos mortais foram transportados para a cidade de Cira, na Síria, e depositados numa igreja a eles consagrada. No século VI uma parte das relíquias foi levada para Roma e depositada na igreja que adotou o nome dos santos. Outra parte dela foi guardada no altar-mor da igreja de São Miguel, em Munique, na Baviera. Os santos gêmeos são cultuados em toda a Europa, especialmente Itália, França, Espanha e Portugal. Em 1530, na cidade de Igaraçu, em Pernambuco, foi construída uma igreja em sua homenagem.

São Cosme e Damião são venerados como padroeiros dos médicos e farmacêuticos, e por causa da sua simplicidade e inocência também são invocados como protetores das crianças.

Como acontece com tantos outros santos, a vida dos santos gêmeos está mergulhada em lendas misturadas à história real. Segundo algumas fontes eles eram árabes e viveram na Silícia, às margens do Mediterrâneo, por volta do ano 283. Praticavam a medicina e curavam pessoas e animais, sem nunca cobrar nada.

O culto aos dois irmãos é muito antigo, havendo registros sobre eles desde o século 5, que relatam a existência, em certas igrejas, de um óleo santo, que lhes levava o nome, que tinha o poder de curar doenças e dar filhos às mulheres estéreis.

Aqui no Brasil, a devoção trazida pelos portugueses misturou-se com o culto aos orixás-meninos (Ibjis ou Erês) da tradição africana yoruba. São Cosme e São Damião, os santos mabaças ou gêmeos, são tão populares quanto Santo Antônio e São João. São amplamente festejados na Bahia e no Rio de Janeiro, onde sua festa ganha a rua e adentra aos barracões de candomblé e terreiros de umbanda, no dia 27. No dia 27 as crianças saem às ruas para pedir doces e esmolas em nome dos santos e, as famílias aproveitam para fazer um grande almoço, servindo a comida típica da data: o chamado caruru dos meninos.

Segundo a lenda africana, os orixás-crianças são filhos de Iemanjá, a rainha das águas e de Oxalá, o pai de toda a criação. Outras tradições atribuem a paternidade dos mabaças (gêmeos) a Xangô, tanto que a comida servida aos Ibejís ou Erês, chamados também carinhosamente de “crianças” é a mesma que é oferecida a Xangô, o senhor dos raios, o caruru. Uma característica marcante na Umbanda e no Candomblé em relação às representações de São Cosme e São Damião é que junto aos dois santos católicos aparece uma criancinha vestida igual a eles. Essa criança é chamada de Doúm ou Idowu, que personifica as crianças com idade de até sete (7) anos de idade, sendo ele o protetor das crianças nessa faixa de idade. Junto com o caruru são servidas também as comidas de cada orixá, e enquanto as crianças se deliciam com a iguaria sagrada, à sua volta, os adultos cantam cânticos sagrados (oríns) aos orixás.

Ele foi doutor, ele me curou, ele me curou

Numa brincadeira que ele brincou, que ele brincou

Eram três crianças eu me lembro bem

O terreiro em festa eu me lembro bem

Vieram de um a um

Eram Cosme, Damião e Doum.

Onibeijada !!!

Saravá Umbanda !!!

Saudação: Erê.

Habitat: jardins, praças floridas, parques de diversão.

Essências:flor de maçã, camomila, miosótis.

Elemento: sentimento de alegria e paz.

Cor: azul claro e/ou rosa e branco.

Dia: domingo.

Local de Trabalho: jardins, praças floridas, parques de diversão.

Flores: palmas cor-de-rosa, monsenhor cor-de-rosa.

Guia: 134 contas, sendo 67 brancas e 67 rosas. Dispor 1 branca, 1 rosa, etc. Firma conforme a vibração originária. Praia: azul claro; Mata: verde; Cachoeira: amarela; Poeira: azul escuro; etc.

Libação: água com açucar, guaraná ou qualquer outro refrigerante.

Fita: azul claro, rosa, amarela, branca.

Pedras: quartzo rosa, turmalina rosa (rubelita), rodocrosita

Metal: da vibração originária.

Saúde: dores de cabeça, dores musculares e vômitos.

Objetivo: casamentos, gravidez, boas vendas

Vela: branca, azul clara e/ou rosa.

Ervas: cambará; caruru; maracujá.

Amalá: manjar, doces, cocadas

Cozinha Ritualística

Nas giras festivas de Ibeijada, normalmente há farta distribuição de doces, bolos e balas à assistência. Tradicionalmente, não devem faltar o manjar e as cocadas brancas.

Obrigação:

7 velas rosas;
1 guaraná;
1 pacote de balas de coco;
1 vidro de mel;
1 prato branco virgem;
1 copo com água mineral;
7 rosas cor-de-rosa;
fósforos;
pano rosa

PONTOS CANTADOS

COSME E DAMIÃO

Doum, Doum, Doum,
Cosme e Damião.
Doum, Doum, Doum,
Vem saravá no meu Terreiro,
Com Crispim e Crispiniano. (bis)
Vai colher as flores,
Lá no meu jardim,
Vai Cosme e Damião,
E leva teu irmão Crispim. (bis)

COLHENDO ROSAS

São Cosme e São Damião,
São Damião cadê Doum…
Doum está colhendo rosas,
Nas roseiras de Oxum. (bis)

Oi bate palma maninha,
Camaradinha chegou. (bis)

Se eu pedir você me dá,
Um brinquedinho papai,
Pra eu brincar. (bis)

COSME E DAMIÃO
(na irradiação da falange do mar)

São Cosme e São Damião,
Sua Santa já chegou;
Veio do fundo do mar,
Que Santa Bárbara mandou.
Dois, dois, Sereia do Mar!…
Dois, dois, Mamãe Iemanjá!…
Dois, dois, meu Pai Oxalá.

CHEIRA CRAVO, CHEIRA ROSA

São Cosme e Damião,
A sua casa cheira,
Cheira a cravo, cheira rosa,
Cheira a flor de laranjeira.

Aí vem Cosme e Damião,
Vem por cima da maré,
Vem com Mamãe Oxum,
E a Virgem de Nazaré.

JESUS MANDOU

Jesus mandou as criancinhas,
Colher flores brancas no jardim,
Para enfeitar no dia de hoje,
O altar, o altar da Mãe Oxum.(bis)

OLHEI NO CÉU

Olhei e vi lá no céu
Lá no céu,
Três estrelas bem juntinhas,
Bem juntinhas,
Neste dia eu olhei lá na folhinha,
Era dia de Cosme e Damião.
Salve Eles!
Salve Eles!
Quem mandou foi Oxalá,
Para nos salvar.

Embala eu babá,
Embala eu,
Embala eu babá,
Embala eu.

COSME E DAMIÃO

Vamos chamar Doum,
São Cosme e São Damião (bis)
Pra vir comer rapadura de coco,
Junto com o Pai João (bis)

PRECE CANTADA A COSME E DAMIÃO

Saravá Doum, São Cosme e São Damião,
Nesta hora de agonia,
Vem salvar os seus irmãos (bis)
Pra tirar olho gordo, Doum,
Pra tirar a macumba, Doum…(bis)

IBÊIJI, IBEIJINHO

Ibeiji, Ibeijinho,
Como vem beirando o mar, (bis).
Ai como vem beirando o mar,
Ai como vem beirando o mar (bis)

Vem brincando na areia,
Com a espuma do mar,
Vem correndo e pulando,
Sempre a cantarolar,
Vem trazendo alegria,
Com a benção de Oxalá.

Ibeiji, Ibeijinho, …

COSME E DAMIÃO

Papai mandou as criancinhas,
Apanhar as flores no jardim (bis)
Tem rosas para Cosme e Damião, para Crispim,
Pra Simiano tem jasmim.

Hoje tem alegria no céu,
Também na terra e no mar,
Tem as flores no jardim,
Vamos todos festejar (bis)

COSME E DAMIÃO

Cosme e Damião, olha!
Rei de Umbanda já chegou, (bis).
Meu Deus, Cosme e Damião,
Vem saudar os seus irmãos (bis)

A estrela e a lua são duas irmãs,
Cosme e Damião,
Também são dois irmãos,
Oxalá, Ogum é o mesmo pai,
Filho de Umbanda,
Balanceia, mas não cai,
Filho de Umbanda,
Balanceia, mas não cai.

COSME E DAMIÃO, DOUM

Cosme, Damião e Doum,
No terreiro vão baixar,
Caboclinhos das matas,
Vamos todos saravar…

Saravá, saravá,
Vamos todos saravá,
Saravá, saravá,
Vamos todos saravá, oi

JAY E JOÉ

Bate palmas pra ganhar doce,
Bate palmas pra ganhar doce,

O caboclo Joé e o caboclo Jay,
Vão entrar no terreiro,
Pra depois sair, (bis)

OXALÁ GUIAN

Entre as palhinhas Tu és a flor,
Das criancinhas Tu és o amor,
Cabelos loiros olhos azuis,
Lírio Divino Santo Jesus…

Ai, ai, ai, ai, ai… lá em Belém,
Numa noite linda Jesus nasceu,
Como eu te adoro pequeno assim,
Jesus eu choro tem dó de mim,
Jesus eu choro tem dó de mim.

DOUM

Doum hoje é o teu dia,
Hoje tem alegria em todo terreiro,
Doum, ô ô Doum,
Saravá a Zambi,
Na linha de Umbanda,
Em todos os terreiros.

Ainda tem seu irmão,
Ainda tem seu irmão,
É Cosme e Damião,
É Cosme e Damião.

CRISPINIANO E CRISPIM

Povo de Angola
E a Falange de Ogum,
Agoiê pras crianças,
Cosme, Damião e Doum (bis)

Para a semana,
Vou fazer uma festança,
Muito bacana,
Para alegrar as crianças,
Mamãe Oxum,
Criança é tudo pra mim,
Cosme e Damião, e Doum,
Crispiniano e Crispim. (bis)

FESTA E GIRA DE COSME

Eu vi Cosme na beira d’água,
Comendo arroz, bebendo água,
Eu vi Damião na beira d’água,
Comendo arroz, bebendo água,
Eu vi Doum na beira d’água,
Comendo arroz, bebendo água,
Eu vi Crispim na beira d’água,
Comendo arroz, bebendo água,
Eu vi Crispiniano na beira d’água,
Comendo arroz, bebendo água.

PONTO DO JUQUINHA

Vamos apanhar caruru, você viu,
Lá na beira do rio, você viu,
Vamos apanhar caruru, você viu,
Lá na beira do rio, você viu.

GIRA DE COSME

Ai quando eu vim lá de cima,
Eu vim de pé no chão (bis)
Atirei primeira pedra,
Oi chapéu na mão. (bis)

COSME E DAMIÃO

Eu vim colher as rosas,
No meu jardim,
Eu vim colher as rosas,
Que eu plantei para Crispim,

Eles são dois irmãos,
Eles são dois irmãos,
Eles são dois irmãos,
É Cosme e Damião,
É Cosme e Damião.

CINCO MANOS

Olha aí vovó,
Eles são cinco manos,
Cosme, Damião e Doum,
Crispim e Crispiniano.(bis)

DIA DE COSME E DAMIÃO

Vinte e sete de setembro,
Meu terreiro está em festa,
Dia de todas as crianças,
Dia de Cosme e Damião (bis)

Já enfeitei meu terreiro,
Para esperar,
São Cosme e Damião (bis

COSME DAMIÃO E DOUM

Ó Doum, Ó Doum,
São Cosme e São Damião…
Ó Doum… ó Doum. (bis)

COSME E DAMIÃO

Egô, Egô:
Saravá Cosme e Damião. (bis)
Eu vou dizer a papai,
Camaradinha chegou (ô)!

Egô, Egô…
Salve Cosme e Damião!
Vamos salvar todos os beijes,
Camaradinhas chegaram. (bis)

CHEGARAM AS CRIANÇAS

Eu vou contar a Vovó,
Que os pequeninos não chegaram.
Ó, Cosminho, ó Mião,
Ó Crispim, Crispiniano…
Ó, Zezinho, Josefina,
Ó, Julinha, ó Doum…
Caindé…
E todos os Sete Encruzilhadas.

VAMOS BRINCAR

Vamos brincar, todos brincar!…
Brinquedinhos,
Vamos brincar!…
Todos brincam,
Oh ! Brinquedinhos. (bis)

PONTO DE IBEIJADA

Eu pedi a Oxalá…
Pra mandar as criancinhas…
Pra vir na banda,
Brincar e trabalhar.
Tem cocada,
Tem guaraná,
Ó crianças, venham me ajudar.

A SUA CASA CHEIRA

Cosme e Damião,
A sua casa cheira… (bis)
Cheira a cravo, cheira a rosa,
E a botão de laranjeira. (bis)

BRINCADEIRA DE IBEJI

Brincadeira de Ibeje, aê,
Segura um reino.
Brincadeira de Ibeje, aê,
Segura um reino.

O ANEL

Meu anel de pedra verde,
Que eu perdi no mar azul,
Quem achou foi Doum.
Quem achou foi Doum.

CRIANÇA DE ARUANDA

Crianças quando vem lá de Aruanda,
Iansã é quem manda…(bis)

Elas vem gritando, auê auê,
Ao romper da aurora. (bis)
Esquindim, esquindim,
As crianças brincam assim…
Esquindim, esquindim,
As crianças brincam assim… (bis)

MARIAZINHA DA PRAIA

Mariazinha da beira da praia,
Como é que sacode a saia. (bis)
É assim, é assim, é assim,
É assim que sacode a saia. (bis)

UM BALANCINHO

Seu eu pedir,
Você me dá. (bis)
Um balancinho, papai,
Pra eu brincar. (bis)

CARURU

Vamos apanhar, caruru,
No mato tem.
Vamos apanhar caruru,
Na beira do rio.
Vamos apanhar caruru,
Com o Faísca.
Vamos apanhar caruru,
Com Estrelinha.
Vamos apanhar caruru,
Com o Tufão.

É DAMIÃO

Que lindo cavalo branco,
Que aquele menino vem montado…
Descendo naquela serra,
Dizendo que é filho de soldado.

É Damião, é Damião,
É Damião no lindo cavalo de Ogum.(bis

NO JARDIM DAS ROSAS

Brincando no jardim das rosas,
Cosme e Damião vem na Umbanda
trabalhar,
Louvando o nome de Iansã,
Louvando o nome de Iemanjá.

FORMIGUINHA DE ANGOLA

Formiguinha d’Angola,
Como brinca…
Formiguinha d’Angola,
Vamos brincar.

PONTO DE HOMENAGEM PARA COSME E DAMIÃO, E OXUM

Hoje tem alegria,
Hoje tem alegria,
Hoje tem alegria,
No reino de Umbanda,
Hoje tem alegria.

Tem alegria no céu,
Hoje é dia de festa,
Vamos comemorar,
São Cosme, São Damião,
Oxum venha nos salvar.

BEIJADA

Oni Beijada ! Oni Beijada !

Fui no jardim colher as rosas,
A vovozinha deu-me a rosa mais formosa. (bis)
Cósme, Damião e Doum,
Crispim, Crispiano,
São os filhos de Ogum. (bis)

DOUM É AMIGO LEAL

Oni Beijada ! Oni Beijada !

Doum é amigo leal,
Sem Doum eu não posso ficar. (bis)

Cadê a Cosme ?
Não me leva no chão !
Cadê a Cosme ?
Cadê Damião ? (bis)

CAI, CAI SERENO

Oni Beijada ! Oni Beijada !

Cai, cai sereno,
Cai meu destino,
Me leva agora,
Para brincar com os meninos. (bis)
Vou pedir licença a Zambi,
Ao Sagrado Coroção,
Vamos todos bater palmas,
Pra São Cosme e Damião.

Oni Beijada ! Oni Beijada !

CRIANÇAS

Cosme, Damião,
Damião cadê Doum,
Doum foi passear,
No cavalo de Ogum.

O doi sereia do mar!
O doi minha Mãe Iemanjá! (bis)

Vamos brincar de roda,
Cosme, Damião e Doum. (bis)

Eles vêm montados,
No cavalo de Ogum,
Vem trazendo rosa,
Pra Mamãe Oxum.

FILHO DE FÉ

Filho de fé, estava doente,
Filho de fé, estava chorando,
Filho de fé, viu em beijada,
Filho de fé, já está cantando.

ELE VEM DO MAR

Ele vem do mar,
Ele vem da mata,
Ele vem da pedreira,
Ele vem da cascata.

UM TERREIRO ENFEITADO

Catarina você tem,
Um gongá que é uma beleza. (bis)
Um terreiro enfeitado,
Muito doce sobre a mesa. (bis)

IBEIJADA ESTÁ DE RONDA

Ibeijada está de ronda,
São Jorge de prontidão.
Salve o Povo de Aruanda,
Salve Cosme e Damião..

SUA MADRINHA É SEREIA

Ele é pequenininho,
Mora no fundo do mar,
Sua madrinha é Sereia,
Seu padrinho e Beira Mar. (bis)

No fundo do mar tem areia,
No fundo do mar tem areia,
Seu padrinho e Beira Mar,
Sua madrinha é Sereia. (bis)

IBEIJADA JÁ VAI EMBORA

Ibejada já vai embora,
Aruanda está lhe chamando. (bis)
Volto já girar no céu,
Oxalá está lhe esperando. (bis)

Ibejada já foi embora,
Aruanda está lhe chamando. (b is)
E foram pro jardim do céu,
Oxalá está lhe esperando. (bis)

QUANDO A LUA BRILHA

Quando a lua brilha no céu,
Clareia Umbanda. (bis)
Clareia a Beijada, que vem,
Lá de Aruanda. (bis)

NA BAHIA TEM UM CÔCO

Na Bahia tem um côco,
Côco que faz a cocada. (bis)
Côco que faz o manjar,
Para dar para a Beijada. (bis)

Doum, Doum, Doum,
Doum, Cosme e Damião. (bis)
Doum, Doum, Doum,
Fica sentado no chão. (bis)

PRECE A IBEIJADA

Salve Ibeji, Orixá da continuidade da vida. Governadores da Falange Ibeijada. Orixá criança, que alegra nossos corações e marca o inicio nossa vida. Nos leve pelos caminhos da saúde, do amor e da prosperidade assegurando-nos a união e a fraternidade. Farta seja nossa mesa e prospero seja nosso lar.

ONI BEIJADA!!!

SR. PANTERA É CABOCLO OU EXÚ?




No rico universo místico da Umbanda, existem entidades pouco conhecidas e estudadas. Com o tempo, é natural que algumas delas sejam esquecidas por nós. Uma delas é Pantera Negra, celebrado por uns como caboclo e por outros como exu.

Seu Pantera era mais conhecido pelos umbandistas de antigamente, quando muito terreiro era de chão batido, caboclo falava em dialeto, bradava alto e
cuspia no chão.

Nas sessões ele comparecia sempre sério, voz de trovão, abraçando bem apertado o consulente que atendia. Não gostava muito de falatório, queria
mesmo é trabalhar.

O tempo foi passando e raramente o encontramos nos centros, tendas e outros agrupamentos de nossa Umbanda. Aonde terá Seu Pantera ido?

O falecido Pai Lúcio de Ogum (Lúcio Paneque, de querida memória), versado
nos mistérios da esotérica Kimbanda, que se diferencia da popular Quimbanda e está distante da vulgar Magia Negra, dizia que Pantera Negra era chefe de uma Linha de Caboclos que atuam na Esquerda.

Estes caboclos, explicava Pai Lúcio, eram espíritos oriundos de tribos
brasileiras muito isoladas e desconhecidas, ou de tribos das ilhas do
Caribe, Venezuela, México e mesmo dos Estados Unidos.

Índios fortíssimos, arredios e alguns até brutos, as vezes gostam de marcar
seus “cavalos”, ordenando que coloquem na orelha uma pequena argola e no
braço uma espécie de pulseira de ferro.

Ainda costumam receber suas oferendas em encruzilhadas na mata, na
vizinhança de uma grande árvore. Podem ser assentados em potes de barro com ervas especiais, terra de aldeia indígena e outros elementos secretos, que são consagradas por sacerdotes iniciadas nos mistérios destes espíritos.
Pai Lúcio ainda dizia, que a maioria dos médiuns destes caboclos são homens.

Os mais conhecidos, além de Pantera Negra, são : Caboclo Pantera Vermelha, Caboclo Jibóia, Caboclo Mata de Fogo, Caboclo Águia Valente, Caboclo Corcel Negro e Caboclo do Monte.

Alguns irmãos umbandistas conhecem estes trabalhadores astrais, com o nome de Caboclos Quimbandeiros.

Pantera Negra aparece como caboclo e exu, mesmo fora da Umbanda. Na região Sul do Brasil, principalmente, o encontramos dentro de um grupo muito especial, chamado de Caboclos Africanos.

Ali ele se manifesta com o nome de Pantera Negro Africano, ao lado de
Arranca-Caveira Africano, Arranca-Estrela Africano e Pai Simão Africano,
entre outros. A maneira de atuar destes entes é muito parecida com a dos
Caboclos Quimbandeiros, sendo confundidos com frequência.

Alguns adeptos e médiuns que trabalham com estas entidades, acreditam que é o mesmo Pantera.

Porém Seu Pantera Negra vai além. Seu culto é encontrado nos Estados Unidos e no Caribe, como tive a oportunidade de conhecer, dentro do Xamanismo Nativo, Santeria Cubana (ou Regla de Ocha) e Palo Monte.

Lembro de David Lopez, um santero de Porto Rico. Quando ele fez dezesseis
anos, sua tia, Dona Carita, o levou a uma festa de Orixá e ali ele desmaiou.
Aconselhado por um babalawo, David resolveu fazer o santo. Antes da
iniciação para seu Orixá, como de costume no Caribe, foi celebrado um ritual em honra aos ancestrais (eguns). Na celebração, incorporou em nosso amigo um espírito de índio bravíssimo… Batia muito no seu magro peito e
vociferava como se estivesse em uma guerra. Quando foi pedido o seu nome,disse o indígena: sou Pantera Negra!

Vi o mesmo tipo de transe aqui no Brasil, em raros médiuns de Seu Pantera,
como o querido irmão Mário (Malê) de Ogum, sacerdote umbandista.

No Haiti ele é conhecido como Papa Agassou (Pai Agassou) e aparece como uma negra pantera e não mais como índio.

A tradição considera que ele veio da África, da região do antigo Dahomé,
onde era celebrado como totem e protetor da Casa Real. O primeiro nobre
desta linhagem, contam os mais velhos, foi um homem-fera, pois tinha pai
pantera e mãe humana.

Agassou é muito temido, pois é profundamente justo e não perdoa os fracos de caráter. Poucos médiuns conseguem suportar a incorporação dele ou de outros espíritos da família das panteras. É necessária muita preparação, firmeza de pensamento e moralidade. Do contrário, e isto realmente acontece, o médium começa a sangrar muito durante a incorporação. É terrível.

Em outras ilhas do Caribe, também encontramos seguidores de Pantera Negra..

Alguns o invocam como espírito indígena e outros como uma força africana,
meio homem, meio felino.

No Brasil, ouvi as mesmas recomendações de pessoas que cultuam ou trabalham com Pantera Negra. Pai Lúcio me disse, que os aparelhos de Seu Pantera não costumavam beber, falar demais ou serem covardes. Eram disciplinados,verdadeiros guerreiros modernos.

Em certos rituais de Pajelança Cabocla, podemos ouvir o bater incessante do
maracá e o chamado do pajé, que canta:

*YAWARA Ê!*

*YAWARA Ê!*

*HEY YAWARA,*

*YAWARA PIXUNA,*

*PIXUNA Ê, YAWARA,*

*YAWARA, YAWARA!*

Yawara Pixuna, quer dizer Pantera Negra. Alguns traduzem como Onça Negra. O canto acima, pode ser utilizado para afastar espíritos maléficos, que fogem ao ouvir este nome mágico.

Caboclo ou Exu, Pantera ou Onça, brasileiro ou estrangeiro, ele é mais um
mistério que Zambi animou. O tempo passa, mas Pantera Negra ainda persiste.

SALVE PANTERA NEGRA!

*Edmundo é Teólogo especialista em religiões Afro-Caribenhas,*
*o que é fruto de uma vida dedicada ao estudo superior e livre das religiões.*
*Este conteúdo faz parte do curso que **Edmundo vai ministrar sobre o universo da Kimbanda.*

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

HISTÓRIAS E ESCLARECIMENTOS SOBRE AS DIFERENÇAS ENTRE TATÁ CAVEIRA E EXÚ CAVEIRA



RELATOS DE EXÚ CAVEIRA..........

Breve preleção aos médiuns protegidos de minha falange e, portanto, sob minha tutela pessoal.

Sou exu, assentado nas forças do Sagrado Omulu e sob sua irradiação divina trabalho. Fui aceito pelo Divino Trono Mehor-yê e nomeado Exu a mais ou menos dois milênios, depois de minha última passagem pela terra, a qual fui um pecador miserável e desencarnei amarrado ao ódio, buscando a vingança, dando vazas ao meu egoísmo, vaidade e todos os demais vícios humanos que se possa imaginar.

Fui senhor de um povoado que habitava a beira do grande rio sagrado. Nossa aldeia cultuava a natureza e inocentemente fazia oferendas cruéis de animais e fetos humanos. Até que minha própria mulher engravidou e o sumo sacerdote, decidiu que a semente que crescia no ventre de minha amada, devia ser sacrificado, para acalmar o deus da tempestade. Obviamente eu não permiti que tal infortúnio se abatesse sobre minha futura família, até porque se tratava do meu primeiro filho. Mas todo o meu esforço foi em vão. Em uma noite tempestuosa, os homens da aldeia reunidos, invadiram minha tenda silenciosamente, roubaram minha mulher e a violentaram, provocando imediato aborto e com o feto fizeram a inútil oferenda no poço dos sacrifícios. Meu peito se encheu de ódio e eu nada fiz para conte-lo. Simplesmente e enquanto houve vida em mim, eu matei um por um dos algozes de minha esposa inclusive o tal sacerdote.

Passei a não crer mais em deuses, pois o sacrifício foi inútil. Tanto que meu povoado sumiu da face da terra, soterrado pela areia, tamanha foi a fúria da tempestade. Derrepente o que era rio virou areia e o que areia virou rio. Mas meu ódio persistia. Em meus olhos havia sangue e tudo o que eu queria era sangue. Sem perceber estava sendo espiritualmente influenciado pelos homens que matei, que se organizaram em uma trevosa falange a fim de me ver morto também. O sacerdote era o líder. Passei então a ser vítima do ódio que semeei.

Sem morada e sem rumo, mas com um tenebroso exército de homens odiosos, avançamos contra várias aldeias e povoados, aniquilando vidas inocentes e temerosamente assombrando todo o Egito antigo. Assim invadimos terras e mais terras, manchamos as sagradas águas do Nilo de sangue, bebíamos e nos entregávamos às depravações com todas as mulheres que capturávamos. Foi uma aventura horrível. Quanto mais ódio eu tinha, mais eu queria ter. Se eu não podia ter minha mulher, então que nenhum homem em parte alguma poderia ter. Entreguei-me a outros homens, mas ao mesmo tempo violentava bruscamente as mulheres. As crianças, lamentavelmente nós matávamos sem piedade. Nosso rastro era de ódio e destruição completas. Até que chegamos aos palácios de um majestoso faraó, que também despertava muito ódio em alguns dos mais interessados em destruí-lo, pois os mesmos não concordavam com sua doutrina ou religião. Eis que então fomos pagos para fazer o que tínhamos prazer em fazer, matar o faraó.

Foi decretada então a minha morte. Os fiéis soldados do palácio, que eram muito numerosos, nos aniquilaram com a mesma impiedade que tínhamos para com os outros. Quem com ferro fere, com ferro será ferido. Isto coube na medida exata para conosco.

Parti para o inferno. Mas não falo do inferno ao qual os leitores estão acostumados a ouvir nas lendas das religiões efêmeras que pregam por aí. O inferno a que me refiro é o inferno da própria consciência. Este sim é implacável. Vendo meu corpo inerte, atingido pelo golpe de uma espada, e sangrando, não consegui compreender o que estava acontecendo. Mas o sangue que jorrava me fez recordar-me de todas as minhas atrocidades. Olhei todo o espaço ao meu redor e tudo o que vi foram pessoas mortas. Tudo se transformou derrepente. Todos os espaços eram preenchidos com corpos imundos e fétidos, caveiras e mais caveiras se aproximavam e se afastavam. Naquele êxtase, cai derrotado. Não sei quanto tempo fiquei ali, inerte e chorando, vendo todo aquele horror.

Tudo era sangue, um fogo terrível ardia em mim e isso era ainda mais cruel. Minha consciência se fechou em si mesma. O medo se apossou de mim, já não era mais eu, mas sim o peso de meus erros que me condenava. Nada eu podia fazer. As gargalhadas vinham de fora e atingiam meus sentidos bem lá no fundo. O medo aumentava e eu chorava cada vez mais. Lá estava eu, absolutamente derrotado por mim mesmo, pelo meu ódio cada vez mais sem sentido. Onde estava o amor com que eu construí meu povoado? Onde estavam meus companheiros? Minha querida esposa? Todos me abandonaram. Nada mais havia a não ser choro e ranger de dentes. Reduzi-me a um verme, jogado nas trevas de minha própria consciência e somente quem tem a outorga para entrar nesta escuridão é que pode avaliar o que estou dizendo, porque é indescritível. Recordar de tudo isto hoje já não me traz mais dor alguma, pois muito eu aprendi deste episódio triste de minha vida espiritual.

Por longos anos eu vaguei nesta imensidão escura, pisoteado pelos meus inimigos, até o fim das minhas forças. Já não havia mais suspiro, nem lágrimas, nem ódio, nem amor, enfim nada que se pudesse sentir. Fui esgotado até a última gota de sangue, tornei-me um verme. E na minha condição de verme, eu consegui num último arroubo de minha vil consciência pedir socorro a alguém que pudesse me ajudar. Eis que então, depois de muito clamar, surgiu um alguém que veio a tirar-me dali, mesmo assim arrastado. Recordo-me que estava atado a um cavalo enorme e negro e o cavaleiro que o montava assemelhava-se a um guerreiro, não menos cruel do que fui. Depois de longa jornada, fui alojado sobre uma pedra. Ali me alimentaram e cuidaram de mim com desvelo incompreensível. Será que ouviram meus apelos? Perguntava-me intimamente. Sim claro, senão ainda estaria lá naquele inferno, respondia-me a mim mesmo. “–Cale-se e aproveite o alvitre que vosso pai vos concedeu.”- Disse uma voz vinda não sei de onde. O que eu não compreendi foi como ele havia me ouvido, já que eu não disse palavra alguma, apenas pensei, mas ele ouviu. Calei-me por completo.

Por longos e longos anos fiquei naquela pedra, semelhante a um leito, até que meu corpo se refez e eu pude levantar-me novamente. Apresentou-se então o meu salvador. Um nobre cavaleiro, armado até os dentes. Carregava um enorme tridente cravado de rubis flamejantes. Seu porte era enorme. Longa capa negra lhe cobria o dorso, mas eu não consegui ver seu rosto.

– Não tente me olhar imbecil, o dia que te veres, verás a mim, porque aqui todos somos iguais.

Disse o homem em tom severo. Meu corpo tremia e eu não conseguia conter, minha voz não saia e eu olhava baixo, resignando-me perante suas ordens.

- Fui ordenado a conduzir-lhe e tenho-te como escravo. Deves me obedecer se não quiser retornar àquele antro de loucos que estavas. Siga minhas instruções com atenção e eu lhe darei trabalho e comida. Desobedeça e sofrerás o castigo merecido.

- Posso saber seu nome, nobre senhor?

- Por enquanto não, no tempo certo eu revelarei, agora cale-se, vamos ao nosso primeiro trabalho.

- Esta bem.

Segui o homem. Ele a cavalo e eu corria atrás dele, como um serviçal. Vagamos por aqueles lugares sujos e realizamos várias tarefas juntos. Aprendi a manusear as armas, que me foram dadas depois de muito tempo. Aos poucos meu amor pela criação foi renascendo. As várias lições que me foram passadas me faziam perceber a importância daqueles trabalhos no astral inferior. Gradativamente fui galgando os degraus daquele mistério com fidelidade e carinho. Ganhei a confiança de meu chefe e de seus superiores. Fui posto a prova e fui aprovado. Logo aprendi a volitar e plasmar as coisas que queria. Foram anos e anos de aprendizado. Não sei contar o tempo da terra, mas asseguro que menos de cem anos não foram.

Foi então que numa assembléia repleta de homens iguais ao meu chefe, eu fui oficialmente nomeado Exu. Nela eu me apresentei ao Senhor Omulu e ao divino trono de Mehor-yê, assumindo as responsabilidades que todo Exu deve assumir se quiser ser exu.

- Amor a Deus e às suas leis;

- Amor à criação do Pai e a todas as suas criaturas;

- Fidelidade acima de tudo;

- Compreensão e estudo, para julgar com a devida sabedoria;

- Obedecer às regras do embaixo, assim como as do encima;

E algumas outras regras que não me foi permitido citar, dada a importância que elas têm para todos os Exus.

A principio trabalhei na falange de meu chefe, por gratidão e simpatia. Mas logo surgiu-me a necessidade de ter minha própria falange, visto que os escravos que capturei já eram em grande número. Por esta mesma época, aquele antigo sacerdote, do meu povoado, lembram-se? Pois é, ele reencarnou em terras africanas e minha esposa deveria ser a esposa dele, para que a lei se cumprisse. Vendo o panorama do quadro que se formou, solicitei imediatamente uma audiência com o Divino Omulu e com O Senhor Ogum – Megê e pedi que intercedessem para que eu pudesse ser o guardião de meu antigo algoz. Meu pedido foi atendido. Se eu fosse bem sucedido poderia ter a minha falange. Assim assumi a esquerda do sacerdote, que, na aldeia em que nasceu, foi preparado desde menino para ser o Babalorixá, em substituição ao seu pai de sangue. A filha do babalawo era minha ex-esposa e estava prometida ao seu antigo algoz. Assim se desenvolveu a trama que pôs fim às nossas diferenças. Minha ex-mulher deu a luz a vinte e quatro filhos e todos eles foram criados com o devido cuidado. Muito trabalho eu tive naquela aldeia. Até que as invasões e as capturas e o comércio de negros para o ocidente se fizeram. Os trabalhos redobraram, pois tínhamos que conter toda a revolta e ódio que emanava dos escravos africanos, presos aos porões dos navios negreiros.

Mas meu protegido já estava velho e foi poupado, porém seus filhos não, todos foram escravizados. Mas era a lei e ela deveria ser cumprida.

Depois de muito tempo uma ordem veio do encima: “Todos os guardiões devem se preparar, novos assentamentos serão necessários, uma nova religião iria nascer, o que para nós era em breve, pois não sei se perceberam, mas o tempo espiritual é diferente do tempo material. Preparamo-nos, conforme nos foi ordenado. Até que a Sagrada Umbanda foi inaugurada. Então eu fui nomeado Guardião à esquerda do Sagrado Omulu-yê e então pude assumir meu trono, meu grau e meus degraus. Novamente assumi a obrigação de conduzir meu antigo algoz, que hoje já está no encima, feito meritóriamente alcançado, devido a todos os trabalhos e sacrifícios feitos em favor da Umbanda e do bem.

Hoje, aqui de meu trono no embaixo, comando a falange dos Exus Caveira e somente após muitos e muitos anos eu pude ver minha face em um espelho e notei que ela é igual à de meu tutor querido o Grande Senhor Exu Tatá Caveira, ao qual devo muito respeito e carinho. Não confundam Exu Caveira, com Exu Tatá Caveira, os trabalhos são semelhantes, mas os mistérios são diferentes. Tatá Caveira trabalha nos sete campos da fé; Exu caveira trabalha nos mistérios da geração na calunga, porque é lá que a vida se transforma, dando lugar à geração de outras vidas, mas não se esqueçam que há sete mistérios dentro da geração, principalmente a Lei Maior, que comanda todos os mistérios de qualquer Exu. Onde há infidelidade ou desrespeito para com a geração da vida ou aos seus semelhantes, Exu Caveira atua, desvitalizando e conduzindo no caminho correto, para que não caiam nas presas doloridas e impiedosas do Grande Lúcifer-Yê, pois não desejo a ninguém um décimo do que passei. Se vossos atos forem bons e louváveis perante a geração e ao Pai Maior, então vitalizamos e damos forma a todos os desejos de qualquer um que queira usufruir dos benefícios dos meus mistérios. De qualquer maneira, o amor impera, sim o amor, e por que Exu não pode falar de amor? Ora se foi pelo amor que todo Exu foi salvo, então o amor é bom e o respeito a ele conserva-nos no caminho. Este é o meu mistério. Em qualquer lugar da calunga, pratique com amor e respeito a sua religião e ofereça velas pretas, vermelhas e roxas, farofa de pinga com miúdos de boi. Acenda de um a sete charutos, sempre em números ímpares e aguardente. De acordo com o número de velas, se acender sete velas, assente sete copos e sete charutos, assim por diante. Agrupe sempre as velas da mesma cor juntas e forme um triângulo com o vórtice voltado para si, as velas roxas no vórtice, as pretas à esquerda e as vermelhas à direita, simbolizando a sua fidelidade e companheirismo para conosco, pois Exu Caveira abomina traição e infidelidade, como, por exemplo, o aborto, isto não é tolerado por mim e todos os que praticam tal ato é então condenado a viver sob as hostes severas de meu mistério. Peça o que quiser com fé, e com fé lhes trarei, pois todos os Exus Caveira são fiéis aos seus médiuns e àqueles que nos procuram.

A falange de Exus Caveira pertence à falange do Grande Tatá Caveira, que é o pai de todos os Exus assentados à esquerda do Divino Omulu, os demais não posso citar, falo apenas do meu mistério, pois dele eu tenho conhecimento e licença para abrir o que acho necessário e básico para o vosso aprendizado, quanto ao mais, busquem com vossos Exus pessoais, que são grandes amigos de seus filhos e certamente saberão orientar com carinho sobre vossas dúvidas. Um último detalhe a ser revelado é que todos os que têm Exu Caveira como Exu de trabalho ou protetor, é porque em algum momento do passado, pecaram contra a criação ou à geração e ambos, protetor e protegido tem alguma correlação com estes atos errôneos de vidas anteriores.
Tenham certeza, se seguirem corretamente as orientações, com trabalho e disciplina, o mesmo que sucedeu com meu antigo e grande sumo sacerdote, sucederá com vocês também, porque este é o nosso desejo. Mais a mais, se um Exu de minha falange consegue vencer através de seu médium ou protegido, ele automaticamente alcança o direito de sair do embaixo e galgar os degraus da evolução em outras esferas.

Que o Divino Pai maior possa lhes abençoar e que a Lei Maior e a Justiça Divina lhes dêem as bênçãos de dias melhores.

Com carinho

Senhor Exu Caveira.

José Augusto Barboza

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O que sei sobre o Seu Caveira é fruto do que ele mesmo ensinou e falou, coisa simples pois ele também não acredita ser necessária uma decodificação da Quimbanda, é preciso sim crer, ter fé.

Exu Caveira é uma entidade nomeada por Oxalá, quando da criação da vida humana na Terra, para cuidar do desencarne. É uma entidade incriada como todos os espíritos porém sua consciência é anterior a criação da Terra derivada das Águas Ancestrais, do Verbo Divino; é Ele uma espécie de ‘carrasco chefe’ no plano terreno e policial no plano astral do campo da escuridão, da esquerda; responsável por ceifar a vida terrena, do indivíduo, no momento certo, entre outras tarefas, para as quais é imprescindível ajuda de toda sua falange que dizem ser formada pelos Exus: Tata Caveira, Pemba, Brasa, Carangola, Pagão, Arranca Toco, Exu do Lodo & Pomba Gira Rainha do Cemitério. Devido ao respeito mostrado por outros Exus ao Seu Caveira, durante a Gira, chamando-o de ‘chefe’ tenho opinião de que a falange é bem maior somando o total de 49 Exus, isso não deve ter muita importância no entendimento sobre o tema pois uma decodificação, creio, é sempre prematura tendo em vista que o desenvolvimento espiritual e a Lei do Karma, são eternos, e isso também vale na esfera dos Exus… no campo da fé só é preciso acreditar.

Exu Caveira, dizem alguns, é um desdobramento do próprio Sr. Omolu que assume a forma de Exu Caveira para trabalhar mais ativamente nas Giras de Quimbanda. É, digamos assim, o braço direito deste Orixá. Também existe quem fale que os Senhores João Caveira, Tata Caveira, Exu Caveira e Exu Caveirinha são a mesma entidade desdobrando-se ou mesmo apresentando-se cada vez com um destes 4 nomes, coisa que acho difícil pois o trabalho nas Giras de Quimbanda tem mostrado por diversas vezes os 4 incorporados em um mesmo trabalho, com personalidades parecidas porém características próprias, individuais de cada um, tenho certeza que os 4 existem de fato como entidades distintas; porém talvez tenham mesmo se originado num desdobramento ocorrido num passado distante, anterior a própria criação, não tenho dúvidas de que Seu Caveirinha e Seu João Caveira pertencem a mesma falange, teoria esta que desmente as decodificações anteriores baseadas nas falanges de divindades pagãs e descrições do Grimorium Verum isso apesar de em muitas vezes o sincretismo indicar e descrever também, de fato, características próprias destes espíritos.

Pelo que foi dito pelo Seu Caveira ele encarnou na Terra, em forma humana, pela 1ª vez há pouco mais de 30.000 anos: “Quando encarnei pela primeira vez na Terra, há mais de 30.000 anos, estava tudo desolado e tive que me alimentar de um óleo que brotava do chão para sobreviver” disse ele explicando porque tem costume de beber azeite de dendê. Em todas as suas encarnações sofreu o como sofrem os seres humanos comuns para poder alcançar um grau maior de evolução sei que por escolha própria, apesar de gostar de riqueza nunca foi um nobre muito endinheirado ou teve alguma posição de grande destaque na sociedade, optando sempre por levar a vida simplesmente, sem apegar-se a luxos terrenos, sem fixar residência num mesmo lugar durante toda a vida e praticando até um relativo isolamento. Um fato curioso que vem sendo amplamente divulgado pelos próprios Caveiras é que uma vez encarnaram todos juntos, me parece que num total de 49 pessoas, no antigo Egito e fizeram parte de uma mesma seita aonde Seu Tata era o sacerdote, por praticarem o moteísmo foram todos condenados a serem queimados vivos, fato este que acredito ter realmente acontecido; creio que a encarnação e reencarnação destas entidades na Terra, partindo desta e passando pelo Brasil colonial aonde encarnaram como senhores de engenho, fazendeiros, barões e feitores de escravos (o que explica o fato de terem por Lei de obedecer aos Pretos e Pretas Velhas para trabalhar no Terreiro) teve relação direta com o fato de hoje eles trabalharem na Lei de Umbanda através da Quimbanda.

Exu Caveira, juntamente com Seu Tata Caveira, são responsáveis diretos pela administração do vício na Terra, na maior parte vicio em drogas pesadas que alteram a percepção e causam dependência física e ou psíquica, incluindo álcool e cigarros, eles podem também facilmente influir na sanidade corporal e psíquica das pessoas tirando ou dando lucidez e ou saúde física, claro que sempre de acordo com o merecimento, Karma, da pessoa que sofre sua influência ou de sua falange. Exu não pode simplesmente fazer mal a um inocente por isso a importância de se levar uma vida correta. O vício é usado como ferramenta de trabalho por Exu no dever de fazer cumprir o Karma, ou mesmo como provação. O livre arbítrio nos da o poder da decisão, podemos escolher formas mais brandas de cumprir nosso Karma e de cuidar de nossa evolução e para isso podemos contar com a proteção de Exu contra estes perigos e armadilhas aonde ele é o mestre.

A falange dos Caveira mexe profundamente com o nosso conjunto dos processos psíquicos conscientes e inconscientes devido ao grande medo da morte que trazemos, dentro da maioria de nós, enquanto encarnados. Por termos também impressa em nossa psique serem estas entidades responsáveis diretos pelo desencarne, nada mais justo que lhes prestarmos o devido respeito evitando assim qualquer espécie de distúrbio no campo que lhes pertence.

Os Terreiros tradicionais, do início do século passado, tem grande receio em invocar esta entidade e só o fazem quando a coisa fica pesada mesmo, quando acontece algo que eles não compreendem ou mesmo não sabem como lidar ai chamam Exu, já vi e ouvi até dizerem este poderoso Exu é louco, intrigueiro e irresponsável, coisa que a mim, com todo respeito, parece ridícula pois isso se deve ao único fato destas tendas ignorarem uma boa Gira de Quimbanda por crenças de falsas morais que já não nos servem mais nos dias de hoje.

Exu Caveira e sua falange tem em especial grande poder para favorecer a qualquer espécie de especulação ensinando todas as táticas e artimanhas da guerra, tendo em vista a vitória sobre os inimigos, é encarregado de vigiar a entrada para cemitérios ou qualquer lugar aonde hajam pessoas enterradas, seu poder é tal que muitas vezes incutem medo nos que o invocam. Não existe trabalho ou despacho a ser realizado em um cemitério sem a presença de Exu Caveira. Com todo este poder devemos mesmo ter muito cuidado ao tentar manipular estas energias pois em caso de erro, e errar é humano, os prejudicados seremos nós mesmos.

Seu Caveira apresenta-se na maioria das vezes como uma caveira, de altura respeitável, vestida de preto e trazendo na mão alguma arma, sendo mais comuns: a foice, o tridente, a espada, o gládio, elmo e escudo, depende a ocasião ele pode aparecer com a cabeça coberta, mostrando a caveira, ou não, pode-se identificá-lo pelas mãos que parecem grandes garras devido ao tamanho das unhas e dedos que assumem forma de garra pela aparente ausência de tecido. Sua cor é o preto mas não raro usa também velas, ponteiros e pemba vermelha e ou branca. Quando usa só pemba preta ou risca um caixão em seu ponto ele está trabalhando com magia negra, quando usa 9 velas pretas geralmente é Vodu.

É sincretizado com a divindade pagã conhecida, em sânscrito, por Sergulath, e sua falange, pela ordem: Próculo, Haristum, Brulefer, Pentagnony, Aglassis, Sidragosam, Minoson e Bucon, perfazendo um total de nove, número este o preferido de Exu Caveira e por ele utilizado na magia. Também podemos encontrar outros sincretismos de Exu Caveira através dos cultos e épocas. Do sincretismo com a divindade pagã é que vem a estatueta ‘demoníaca’ de Exu Caveira encontrada em casas de artigos religiosos, acredito que pode ele realmente assumir esta forma digamos assim ‘horrenda’ ou até mesmo mais assustador para trabalhar nas esferas abissais ou no limbo (inferno).

Desde que se propôs, juntamente com outros Exus, a trabalhar em conjunto com a Umbanda, exatamente na época de sua divulgação em 1908 pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, no início do século passado, é cada vez mais raro ver este Exu, incorporado fora de Terreiros que saravem às 7 Linhas da Umbanda e 7 Linhas da Quimbanda equilibradamente e na pratica da caridade porém, mesmo que mais raramente, ele continua presente em atividade também em diversos cultos com maior destaque para a Santeria, o Vodu, as Macumbas, o Candomblé e Batuques, cultos aonde tem sempre aparelhos disponíveis para incorporação caso seja invocado.

Deve-se alertar para o fato de existirem espíritos mal intencionados que tentam passar-se por Exu Caveira; por este ter onipresença e grande poder nas Trevas, estes zombeteiros usam seu nome na presença dos incautos prometendo cometer barbaridades em troca de alguns patacos e oferendas, é! no plano espiritual também existem vigaristas que procuram semelhantes na Terra, Exu Caveira está presente para colocar estes charlatões em seus devidos lugares.

Tenha certeza, Seu Caveira é um Exu bastante antigo, amigo e companheiro. Quando é de nosso merecimento é mais do que irmão; mas deve-se cuidar para digamos assim ‘não sair da linha’ porque ele pode se tornar um verdadeiro tormento aos que com ele não souberem tratar, devemos lembrar de que ele é o carrasco que nos visitará no segundo fatal.

O poderoso Exu Caveira, O Rei das Catacumbas do Inferno, é sempre merecedor de grande respeito por parte daqueles que o invocam. Ato-tô!

‘Salve o Morro do Calvário,

Salve o povo inteiro,

Salve Exu Caveira;

Que vem neste Terreiro,

Salve filho de fé,

Salve Calunga inteira,

Salve Exu Caveira,

Que vem trabalhar!

Emogibá!’

(Ponto transmitido mediunicamente pela entidade)

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

OBÁ A DEUSA AFRICANA À LIDER DAS MULHERES



Oba é um dos “orixás femininos” sobre a qual recaiu uma espécie de esquecimento. Todavia, não obstante este fato, ela goza de enorme significado no universo das religiões de matriz africana. Muito pouco se tem escrito sobre a mesma, talvez por ela nos remeter a um mito original que se repete em várias culturas que fala “de um tempo em que o mundo era governado pelas mulheres.”

Em alguns terreiros de candomblé que ainda preservam a figura desse principio ancestral, Obá aparece como uma caçadora. Este fato faz alusão aos primórdios dos grupos humanos que tinham a atividade coletora como principal meio de sustento. Pena que ainda hoje quando retomamos esta imagem, logo nos vem à mente figuras masculinas, contrariando alguns mitos afro-brasileiros que trazem enfaticamente a presença de mulheres a frente de grupos que mais tarde darão origem às grandes civilizações. Em todos os mitos preservados no Brasil, Obá apresenta-se como caçadora ao lado de outras como Oyá e Iewá, daí a sua ligação direta com Odé, o caçador. Outra imagem que reforça a antiguidade do seu culto é a de que tal orixá também é um rio do mesmo nome que ainda hoje corta uma parte do território iorubá.

Conta-se que, após vários dias de batalha, estando os orixás liderados por Ogum e Oxalá, fragilizados pela guerra, Obá não se contentando em reunir apenas as mulheres de seu tempo, convocou todas as fêmeas do mundo animal. Ao ver Obá chegar rodeada de animais, aquela guerra foi vencida porque os inimigos fugiram de seus postos. Afirma-se nos terreiros que Obá mantém relações profundas com os animais, outra imagem antiga preservada do tempo em que os primeiros grupos humanos acreditavam encantá-los através de seus desenhos. O tempo em que os caçadores e caçadoras confundiam-se com a própria caça.

O culto a Obá é ainda hoje cercado de mistério. Mistério velado pelas cores escuras, representadas pelo vermelho encarnado que compõem seus elementos rituais nas poucas vezes em que aparece. Em alguns terreiros de tradição jeje nagô, a cantiga que diz “Obá, líder da sociedade Elekô comanda todas as mulheres guerreiras”, inicia a seqüência de músicas que dentre outras coisas, lembra a sua importância como representante das mulheres como caçadora, chamando para si funções sociais, políticas, culturais e religiosas. Em outras palavras, Obá, além de desempenhar um papel como desbravadora, cabia a ela defender o grupo, o protegendo em todos os sentidos, fomentar seu sustento e garantir a sua integridade política. Os caçadores eram ainda médicos, mágicos, verdadeiros entes divinos que sabiam que da relação de sua comunidade com os ancestrais dependia a sua permanência no mundo. Daí a expressão: “Obá Elekô”.

Elekô, a exemplo de muitas outras sociedades secretas, era uma espécie de “maçonaria de mulheres”, que dentre outras funções, zelava pela preservação da relação entre estas e a terra, para alguns grupos humanos, a grande mãe ancestral. Pena que apenas persistiu dentre nós, fragmentos de uma história que diz ter sido Obá enganada por uma das mulheres de Xangô que a teria induzido cortar uma de suas orelhas.

Acho mesmo que a imagem da orelha cortada por Obá neste mito é menos importante do que aquilo que considero tema principal: o amor. Obá é símbolo do amor, esse principio universal que por mais esforço já se tenha feito para traduzi-lo através das poesias, das filosofias, das religiões e recentemente da ciência, ainda é um mistério, talvez por ser ele um dos mais divinos. Gosto muito da história que diz que certa ocasião muito triste por ter perdido um de seus filhos, uma mulher adentrou-se na mata e pediu a Obá que o trouxesse de volta. Adormecida na floresta, a jovem sonhou com sementes que lhes eram trazidas por um enorme pássaro.

Acordada do sono, a mulher foi procurá-las. Chegando a beira de um rio, mal pode conter a sua alegria ao deparar-se com as sementes que a noite havia sonhado, ao mesmo tempo em que se deu conta de que, era ela mesma o pássaro que a noite havia visto em sonho. Das sementes plantadas pela mulher arrebentou uma planta que se transformou numa árvore de tronco escuro a partir da qual a humanidade melhor podia se representar, trazendo presente na forma de esculturas seus antepassados: o ébano. Obá, dessa maneira é a “verdadeira deusa do ébano”, não somente da madeira escura, de brilho natural que tanto nos representa através das mãos dos artistas africanos, mas a verdadeira “deusa negra” presente em todas as mulheres, nossas irmãs e mães que hoje mais do que nunca vão ao enfrentamento para defender a sua dignidade através da garantia da integridade de seus filhos.

Mulheres que embora tenham conquistado espaços nas sociedades contemporâneas ainda são aquelas mais estigmatizadas, violentadas e que tem seus direitos menos respeitados. Mulheres que como Obá amam, e por isso vão a luta pelos seus sonhos e são capazes não apenas de liderar quilombos, revoltas armadas, greves, movimentos sociais, mas grupos inteiros pois assim foi desde o inicio quando Obá saiu á frente convocando todas as mulheres para reconquistar o mundo.
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