domingo, 26 de fevereiro de 2012

OS ESPIRITOS RESOLVEM NOSSOS PROBLEMAS?



Muita gente procura o centro espírita em busca de uma conversa direta com os guias espirituais. Talvez acreditem que, se tiverem oportunidade de conversar, chorar suas mágoas e defender suas idéias de auto-piedade, os espíritos se mobilizarão para auxiliá-los e destrinchar suas dificuldades com toda a urgência e facilidade. Meu Deus, como muitos amigos(as) estão equivocados! Espírito nenhum resolve problemas de ninguém. Esse definitivamente não é o objetivo nem o papel dos espíritos, meu filho(a). Se porventura você está em busca de uma solução simples e repentina para seus dramas e desafios, saiba que os espíritos desconhecem quimera capaz de cumprir esse intento.
No espiritismo, não se traz o amor de volta; ensina-se a amar mais e valorizar a vida, os sentimentos e as emoções, sem pretender controlar os sentimentos alheios ou transformar o outro em fantoche de nossas emoções desajustadas.

Os espíritos não estão aí para “desmanchar trabalhos” ou feitiçarias; é dever de cada um renovar os próprios pensamentos, procurar auxílio terapêutico para educar as emoções e aprender a viver com maior qualidade.

Até o momento, não encontramos uma varinha mágica ou uma lâmpada maravilhosa com um gênio que possa satisfazer anseios e desejos, resolvendo as questões de meus filhos(as). O máximo que podemos fazer é apontar certos caminhos e incentivar meus filhos(as) a caminhar e desenvolver, seguindo a rota do amor.

Não adianta falar com as entidades e os guias ou procurar o auxílio dos orixás, como muitos acreditam, pois tanto a solução como a gênese de todos os problemas está dentro de você, meu filho. Ao menos no espiritismo, a função dos espíritos é maior do que satisfazer caprichos e necessidades imediatas daqueles que concentram sua visão nas coisas do mundo. Não podemos perder nosso tempo com lamentações intermináveis nem com pranto que não produza renovação. Nosso campo de trabalho é a intimidade do ser humano, e a cientização de sua capacidade de trabalhar e investir no lado bom de todas as coisas. Nada mais.

Tem gente por aí se deixando levar pelas aparências de espiritualidade. A grande multidão ainda não despertou para as verdades espirituais e acha-se com os sentidos embriagados e as crenças arraigadas em formas mesquinhas e irreais de viver a vida espiritual. Persegue soluções que lhe sejam favoráveis, e, em geral, tais soluções dizem respeito a questões emocionais ou materiais que meus filhos(as) não se sentiram capazes de superar. Ah! Como se enganam quanto à realidade do espírito.

O aprendizado da vida é longo, amplo e exige um esforço mental de tais proporções que não torna fácil romper com os velhos hábitos de barganhas espirituais aprendidos com as religiões do passado.

Fazem-se promessas, cumprem-se rituais na esperança de que os espíritos ou Deus concedam-lhes um favor qualquer em troca de seus esforços externos, que presumem sobrepor-se aos valores internos. Pensamentos assim resultam de uma educação religiosa deficiente e advêm de hábitos seculares que perduram nos dias atuais e carecem de uma análise mais profunda. Os indivíduos que agem com base nessas premissas evitam reconhecer sua responsabilidade nos acontecimentos que os atingem e pensam enganar a Deus com seu jeito leviano e irresponsável de tratar as questões espirituais. Fatalmente se decepcionam ao constatar que aquilo que queriam não se realizou e que as focas sublimes da vida não se dobraram aos seus caprichos pessoais.

Os problemas apresentados pela vida têm endereço certo, e não há como transferi-los para os espíritos resolverem. Se determinada luta ou dificuldade chega até você, compete a você vencê-la. Na sede de se livrar do processo educativo ministrado pela vida, meus filhos(as) esperam que , os espíritos, possam isentá-los de seus desafios. Isso é irreal. Não detém o poder de transferir de endereço a receita de reeducação que vem para cada um. Nenhum espírito minimamente esclarecido poderá prometer esse tipo de coisa sem comprometer o aprendizado individual.

Foram chamados pelo Pai para auxiliar meus filhos(as) apontando o caminho ou a direção mais provável para alcançarem êxito na construção de sua felicidade.

Vejam como exemplo a atuação do próprio Nosso Senhor Jesus Cristo. Mesmo matando a sede e a fome de multidões, ele não arranjou emprego para ninguém. Curou e restabeleceu a saúde de muitos que nele acreditaram, mas não libertou ninguém das conseqüências de seus atos e escolhas. Sabendo das dificuldades sociais da época, não tentou resolver questões que somente poderiam ser transpostas com o tempo e o amadurecimento daquele povo. Em momento algum o vimos a prescrever fórmulas para dar fim a desavenças de ordem familiar, socioeconômica nem tampouco emocional, recomendando meios de trazer o marido de volta ou fazer a pessoa amada retornar aos braços de quem deseja. Uma vez que ele é o Senhor de todos os espíritos e não promoveu coisas nesse nível, como podemos nós, seus seguidores, sequer cogitar realizá-las?

O que podemos deduzir das atitudes de Nosso Senhor, meus filhos(as), é que, se ele não se dispôs a realizar tais demandas, que na época certamente existiam, é porque a natureza de seu trabalho era outra. Mesmo debelando os males, prestando o socorro que podia, ele não eximiu a população de enfrentar seus desafios. Quem recebeu o pão voltou a ter fome e inevitavelmente teve de trabalhar para suprir as próprias necessidades; quem foi curado teve de aprender a valorizar a própria vida, pois outras enfermidades viriam mais tarde; quem Jesus ressuscitou dos mortos desencarnou mais adiante. Em suma, o processo de reeducação a que conduzem os embates da vida é tarefa de cada um. Cristo Nosso Senhor apenas indicou a direção, mas cabe a cada seguidor palmilhar o caminho com suas próprias pernas, avançando com passos seguros e resolutos em seu aprendizado.
Através desse raciocínio, meu filho(a), você poderá compreender a razão pela qual não há proveito em recorrer aos espíritos para livrá-lo do sofrimento ou isentá-lo de dificuldades. Esse é o caminho do crescimento na Terra, e não há como fugir às próprias responsabilidades ou transferir o destino das tribulações. A dívida acorda sempre com o devedor, não há como se furtar a essa realidade.

Capítulo do livro Pai João, da Casa dos Espíritos Editora. (livro Alforria reeditado)

Espíritos ajudam

Todos possuímos proteção espiritual. Revelam os Espíritos que, antes mesmo de nosso (re)surgimento na esfera física pelas portas do nascimento, a cada um de nós Deus designou um ser espiritual, mais elevado que seu tutelado, para nos orientar durante toda a encarnação na Terra – incluam-se os momentos do planejamento reencarnatório e os primeiros instantes do retorno à pátria espiritual quando o Espírito se desvencilha do corpo físico.

O Catolicismo chama estes seres de “Anjos da Guarda”; em outros contextos religiosos, são conhecidos como “Guias Espirituais”. Na verdade, estes seres têm status espiritual conforme o nível evolutivo dos homens que se dispõem a orientar. Ressalvada a poesia de que estes Espíritos agem à feição de anjos e como a maioria de nós ainda tem pouco de angelical, isto implica que a maioria de nossos orientadores espirituais não precisam ser, necessariamente, “anjos”. Entre o estado espiritual da maioria dos humanos terrenos e o dos anjos, há uma imensa gama de seres espirituais que são capazes de orientar.

A palavra “guia” dá uma idéia de dependência que o indivíduo encarnado teria em relação ao seu tutor. “Ser guiado” por outrem, mesmo um Espírito, passa a idéia de ausência de responsabilidade do tutelado, como se este não possuísse livre-arbítrio e capacidade para decidir por si próprio.

Assim, devido a impossibilidade de Deus, o Criador e Sustentador da Vida, não nos atender pessoalmente, ajuda-nos Ele por meio de Suas leis imutáveis e de seu prepostos/mensageiros. É aquele ditado: “Deus auxilia as criaturas por intermédio das criaturas”.

Independentemente do nome, o que importa é Deus não nos abandona nunca e sempre está disponível quando nos recolhemos (interiormente) e nos conectamos com Ele, através dos bons sentimentos em forma de prece. A resposta será a ativação da intuição em mim ou em alguém,conhecido ou não, que surge e decide nos ajudar naqueles momentos difíceis.

Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, mostra que há três tipos de orientadores espirituais:

1. Espírito protetor : constitui um orientador principal e superior aos demais. Sua missão é a de guiar o seu protegido na senda do bem, auxiliá-lo com seus conselhos, consolá-lo nas aflições, levantar-lhe o ânimo nas provas da vida. Sua missão tem duração mais prolongada. Jamais abandona o seu protegido, apenas se afastam quando o tutelado não ouve seus conselhos.

2. Espíritos familiares: são orientadores secundários. Podem ser os Espíritos de nossos parentes, familiares e amigos. Seu poder é limitado e sua missão é mais ou menos temporária. Só atuam por ordem ou permissão dos Espíritos protetores.

3. Espíritos simpáticos: aqueles que se afinizam com nossas tendências. Por isto, podem nos inspirar boas ou más idéias, conforme forem os sentimentos com que os atrairemos. Esta relação espiritual está intrinsecamente ligada ao caráter do homem.

Em suma, cada ser humano está assistido de influência benéfica dos Bons Espíritos, emissários de Jesus junto aos terrenos. Depende de nós afastar os ainda maus Espíritos melhorando nosso procedimento perante a nós mesmos e ao próximo, conforme o Evangelho – amando ao próximo como a si mesmo.

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