domingo, 26 de fevereiro de 2012
MISTIFICAR
Mistificar, termo muito usado no Espiritismo e que na Umbanda tem sido citado com freqüência. Seu significado tem a ver com abusar da credulidade, enganar, iludir, ludibriar. Na conversação mediúnica, corriqueiramente, na mesa espírita ou no terreiro, considera-se mistificador o médium que finge estar dando passagem a um espírito, fala e passa mensagens que são próprias.
Porém o assunto é muito mais complexo. Há mistificadores encarnados e desencarnados. Também estará mistificando o espírito que usa o instrumento (médium) para comunicar falácias, mentiras, no intuito de confundir e desequilibrar. E ocorre ainda, o animismo, que é temido e perseguido, o médium conta histórias como se fosse um outro espírito, mas na verdade fala de si, de encarnações do passado ao qual está ligado. Pode mesmo rir , chorar e parecer que sofre, mas é a própria alma se manifestando. È ruim isso? Não necessariamente, apenas será problema se o médium ficar preso ao seu animismo e não consegue se desapegar e liberar seu “espaço perispiritual” para a aproximação de outros espíritos.
Vamos voltar a isso depois, mas há também a necessidade do bom senso, em relação àquelas pessoas que vêem, escutam e falam coisas, mas nesse caso são verdadeiros distúrbios de ordem mental( físico) e quer às vezes deixam de ser medicados adequadamente por se pensar que o problema é estritamente espiritual. E em contrapartida, muitos verdadeiros médiuns foram internados por parentes , dados como loucos.
Recentemente foi publicado em estudo realizado pelo Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora, comparando o comportamento de médiuns e de pessoas com transtornos mentais, e chegaram a nove critérios utilizados para diferencia um do outro. OS critérios encontrados nos médiuns e não nos transtornos mentais seriam:
1) ausência de sofrimento psicológico;
2) Ausências de prejuízos sociais e ocupacionais;
3) Duração certa da experiência
4) Atitude crítica (duvidas sobre a realidade objetivada vivência):
5) Compatibilidade com o grupo cultural ou religioso
6) Controle sobre a experiência, crescimento pessoal e atitude de auxílio ao outro
Algumas coisas norteiam e dão certeza que não há mistificação, que é o cunho da comunicação fornecida pelos espíritos. Se sérias, elas serão coerentes, voltadas para melhorar a vida das pessoas, quer no âmbito profissional ou familiar, conselhos e avisos sobre como progredir, mas nunca promessas mirabolantes nem contradições ou mesmo promessas de riquezas e atitudes que levem prejuízo a outrem. O tema sempre é direcionado ao Bem, à Felicidade e Humildade, ou alerta sobre perigos, conforto das dores. AS palavras caracterizam-se pela simplicidade e ausência de preconceitos, equilíbrio em todos os aspectos.
Estes espíritos, se confrontados , mantém-se firmes , se ouvem as palavras de Deus, Jesus, Maria, mantém-se confiantes, sem perturbação, mostrando que suas intenções são transparentes e benignas.
Trazemos ainda um estudo sobre as contradições das comunicações dos espíritos , confundidas às vezes com mistificação, retirado do Livro dos Médiuns capítulo XXVII:
“Passam-se no mundo dos Espíritos coisas bem difíceis de compreender. Não tendes entre vós pessoas muito ignorantes sobre certos assuntos e esclarecidas acerca de outros? Pessoas que tem mais juízo que instrução e outras que tem mas espírito que juízo? Não sabeis também que alguns espíritos se comprazem em conservar os homens na ignorância, aparentando instruí-los, e que aproveitam da facilidade com que suas palavras são acreditadas? Podem seduzir os que não descem ao fundo das coisas, mas quando pelo raciocínio são levados à parede, não sustentam por muito tempo o papel”.
É muito interessante como os espíritos que guiaram Kardec mostravam a necessidade de muita reflexão e estudo, criticando aqueles que criticavam o Espiritismo, pois consideravam que os seus críticos não o conheciam suficientemente .
No mesmo capítulo citado anteriormente retiramos mais uns trechos:
“Desejais tudo obter sem trabalho. Sabeis, pois, que não há campo onde não cresçam as ervas, mas cuja extirpação cabe ao lavrador.
...Se os homens fossem perfeitos, só aceitariam o que é verdadeiro ( nota minha: não haveria como enganá-los).
...O papel dos espíritos não consiste em vos informar sobre as coisas desse mundo, mas em vos guiar com segurança no que vos possa ser útil para o outro mundo. Quando vos falam do que a esse concerne, é que o julgam necessário, porém não porque o peças. Se vedes nos espíritos os substitutos dos adivinhos e dos feiticeiros, então é certo serem enganados.”
Sobre o medo da mistificação, quer seja por espíritos encarnados ou desencarnados,;
“Se isso (a mistificação ) lhes abalasse a crença, é que não tinham muito sólida a fé. Os que renunciam ao Espiritismo, por um simples desapontamento, provaram não o haverem compreendido e não lhes terem atentado na parte séria. Deus permite as mistificações, para experimentar a perseverança dos verdadeiros adeptos e punir os que do Espiritismo fazem objeto de divertimento”.
E o Espírito da Verdade termina com a seguinte nota:
“A astúcia dos espíritos mistificadores ultrapassa às vezes tudo o que se possa imaginar. A arte, com que dispõe as suas baterias e combinam os meios de persuadir, seria uma coisa curiosa, se eles nunca passassem dos simples gracejos; porém, as mistificações podem ter conseqüências desagradáveis para os que não se achem em guarda. Sentimo-nos felizes por termos podido abrir a tempo os olhos a muitas pessoas que se dignaram de pedir nosso parecer e que lhe havemos poupado ações ridículas e comprometedoras. Entre os meios que esses espíritos empregam, devem colocar-se na primeira linha, como sendo os mais freqüentes, os que têm por fim tentar a cobiça, como a revelação de pretendidos tesouros ocultos, o anúncio de herança ou outras fontes de riquezas. Devem além disso, considerar-se suspeitas, logo à primeira vista, as pressões com época determinada, assim, como todas as indicações precisas, relativas a interesses materiais. Cumpre não se dêem os passos prescritos ou aconselhados pelos espíritos, quando o fim não seja eminentemente racional; que ninguém nunca se deixe deslumbrar pelos nomes que os espíritos tomam para dar aparência de veracidade às suas palavras; desconfiai das teorias e sistemas científicos ousados; enfim, de tudo o que se afaste do objetivo moral das manifestações.
Fontes Utilizadas no Texto: Livro dos médiuns-cap XXVII
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