quarta-feira, 4 de maio de 2011

ORIXÁ EXÚ - E os nossos Compadres



No tempo da escravidão, os escravos faziam muitas oferendas ao Orixá Exu, para que este abrisse os caminhos dos escravos que tanto sofriam. Mas a igreja católica, junta com os senhores de engenho, que obrigava os escravos a seguirem o catolicismo, descobriram este Orixá, e, o associaram ao Demônio da igreja católica. Sendo que depois disso, a imagem de Exu ficou bastante deturpada, onde hoje, aqui no Brasil, Ele, o Orixá Exu, ainda é associado a um Demônio que não existe.

Quanto aos espíritos que são comparados com Exu, hoje em dia, não são Orixás, e sim, espíritos em desenvolvimento, que se bem doutrinados, podem ajudar muito, como se fosse o próprio Exu Orixá; pois estes, passaram a agir sob o comando do Exu Orixá que, é o “verdadeiro” Exu. Este Exu Orixá, é o Orixá mais próximo dos homens, pois este, devido ao seu grande senso de humor, segundo a lenda, foi expulso do reino dos Orixás, e, mesmo continuando a ser o Orixá do movimento (mais uma coisa para aproximar-lhe dos homens), das encruzilhadas e dos caminhos tortuosos, passou a viver em um mundo que fica entre os homens e os Orixás, ficando assim, como o mensageiro de todos os Orixás, servo de todos os outros Orixás, sendo que mesmo assim, é respeitado por todos, pois todos conhecem o seu poder e a sua capacidade de enganar. Exu Orixá, como os demais Orixás, fez parte da criação do Ayié (mundo), pois Ele é o princípio ativo de tudo, é a própria ação, junto com o seu irmão Ogum, que é o seu companheiro, que é quem expande o poder de Exu. Pois o mundo, sem Exu, seria como uma pintura: bonita e estática.

Os espíritos hoje associados a Exu no Brasil, em muitos casos, são espíritos de assassinos, punguístas, malandros etc., pois devido a ser comparado com o Demônio dos católicos, passou a carregar o tridente, sendo que o seu símbolo é o Ogò (porrete). Estes outros espíritos, podem ser acentados como guardiões secundários, pois já estão começando a ter mais esclarecimento, e, por causa da fé das pessoas neles, passaram a ser monitorados pelo Exu Orixá, sendo que, o Exu Orixá deve ser acentado em primeiro lugar. Mas existe um grande problema, que são as pessoas que são feitas nestes Exus Compadres, que não são Orixás, e, como conseqüência, não podem assumir o ori (cabeça) de ninguém, pois não possuem axé para isso. E é por isso que muitos terreiros sem nenhum fundamento, acabam tendo vários tipos de problemas com seus médiuns, por fazerem estes mesmos em Compadres e até em Comadres. Ninguém pode ter um Exu Compadre de frente, como por exemplo: o seu Zé Pelintra, que é o Exu da malandragem, da boemia... podendo levar a pessoa para um buraco sem fim, se esse Exu não for coroado. Estes Compadres e Comadres, por serem espíritos em desenvolvimento, recebem pedidos para o mal e para o bem, mas, quem executa os pedidos negativos, não são eles, e sim, os Kiúmbas, espíritos no mais baixo escalão do mundo espiritual, que não querem nada, a não ser, diversão com o sofrimento dos outros. O Exu Orixá, assim como os Compadres, deve ser despachado da mesma forma, pois dizem que Ele é muito brincalhão, e, pode atrapalhar o xirê (culto, festa dos Orixás...), se não for bem tratado; pois este, adora brincar e é muito vaidoso e vingativo. Sendo esta, a explicação mais constante, mas é falsa! Sendo esta, uma explicação, sobre os Compadres e as Comadres (não coroados), e, não sobre o verdadeiro Exu cultuado na África. Na verdade, Exu é servido primeiro, devido a uma lenda que diz que: Exu, certa vez, devorou tudo que havia no mundo, depois devolveu tudo multiplicado, e isso quer dizer que, Exu devolve tudo que recebe em oferendas para a humanidade, e, dobrado. Por isso é tratado primeiro, para que haja maior proteção e pedidos de graças alcançadas com mais rapidez. Deve-se lembrar que na maioria dos Ilês, Exu é cultuado em primeiro e em último lugar, para que este, movimente as energias dos Orixás por todo o tempo, dando proteção a todos os assistentes. Por isso Ele deve permanecer no ambiente por todo tempo.

Como se pode ver, deve-se tomar o máximo de cuidado quando se fala de Exu, pois não se deve confundir o Exu Orixá com os Exus Compadres e Comadres do Brasil. Lembrando que as Comadres, são de igual forma, Exus na forma feminina, aqui no Brasil, e que na África, mais precisamente em Angola, que é uma grande influência na Umbanda, são cultuadas como espíritos da própria sedução, são as mensageiras das Orixás femininas, e no Brasil, assim como o Exu Orixá, foram totalmente deturpadas. Pois na África, as Bombogiras/Pombogiras são entidades que ajudam, são positivas. E é por isso que, não se fazem filhos (as) de Bombogira, pois não são Orixás, são de uma forma ou de outra, Eguns (ver mais à frente). Elas são mensageiras das Orixás da sedução na África, e por isso, ficaram aqui no Brasil como se fossem espíritos de prostitutas, mais uma vez, graças a igreja católica, que julga tudo sem compreender nada, e que, todas as pessoas sem opinião própria acabam aceitando e acreditando. Lembrando que, os terreiros de Umbanda que não conhecem esta diferença, não devem fazer os seus filhos em Exu, pois, estariam fazendo em Compadres ou Comadres, e isso é totalmente errado. No caso de não se entender esta diferença, deve-se virar a linha do médium para Ogum. Lembrando que o Exu Orixá, não recebe trabalhos para o mal, pois este é um Orixá, Ele apenas pune a quem mereçe, a pedido dos Orixás; podendo pedir a Ele, somente que ele cumpra com mais rapidez o que já é realmente certo de se acontecer (não confundir com pedidos negativos). Deve-se lembrar também que, o Exu Orixá, possui varias qualidades (Vodus). Uma observação que julgo importante, é sobre o tridente que Exu passou a carregar no Brasil, que foi colocado com os Compadres, e que passou a ser carregado, também, pelo Exu Orixá, pois tem muito a ver. O tridente representa o inconsciente, o subconsciente e o consciente do homem, demonstrando que tanto o Exu Compadre como o Exu Orixá, são conhecedores dos sentimentos e desejos mais profundos dos seres humanos.

É muitíssimo importante salientar que despachar Exu quer dizer: pedir para que Ele abra os caminhos no decorrer dos trabalhos, ou seja, que não deixe os maus espíritos se aproximarem; e quando se diz que Exu é brincalhão e vingativo, deve-se entender que, se Exu não for tratado, deixa que os maus espíritos perturbem o bom andamento do xirê, por não ter sido lembrado, ou seja, por ninguém ter pedido a Ele que afastasse os maus espíritos, pois tudo que Exu recebe em oferendas, Ele devolve em dobro.

Exus pagão, batizado e coroado.


É muito importante saber a diferença entre estes três tipos de Exu, pois muitas pessoas vivem discutindo se Exu é negativo ou positivo. Na verdade Exu é o equilíbrio entre os dois polos, mas, deve ser entendido que, cada um desses tipos de Exu é mais voltado para um dos lados (+ -).

Exu pagão: é o Exu que está acabando de sair da linha de Kiúmba, por isso, tem preferência em receber pedidos negativos, pois estes, aparentemente, são mais lucrativos. Fazem o mal e algumas vezes o bem, mas, não sabem diferenciar um do outro, como já dito, apenas estão interessados no pagamento.

Exu batizado: são os Exus que já conseguem diferenciar o bem do mal, mas fazem os dois, pois também, ainda se interessam no pagamento. Sendo que, por já serem batizados, trabalham para os Exus coroados carregando o mal tirado das pessoas.

Exu coroado: são os Exus que além de saberem distinguir o mal do bem, dão preferência e, só trabalham para ajudar as pessoas. Estes Exus por já possuírem esclarecimento suficiente, já comessam a trabalhar em outras linhas (Caboclos, Pretos-velhos etc.), geralmente na linha virada (Quimbanda) para poderem melhorar ainda mais o seu esclarecimento para que em um certo tempo, possam trabalhar na linha branca (Umbanda).

Nota: Quando cito Exu aqui, também cito as Pombogiras, pois são Exus da mesma forma, só que na forma feminina.

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Fonte: Trecho retirado do livro *TAMBORES DE ANGOLA*
Trecho do livro TAMBORES DE ANGOLA Robson Pinheiro por Angelo Inácio.

Exu é entidade de luz (em evolução) com profundo conhecimento das leis magísticas e de todos os caminhos e trilhas do Astral Inferior.
Não tem nada a ver com as imagens vendidas nas casas de artigos religiosos, com chifrinhos e rabos… Exu não é o Diabo.
São os guardiões, são os espíritos responsáveis pela disciplina e pela ordem no ambiente.
São trabalhadores que se fazem respeitar pelo caráter forte e pelas vibrações que emitem naturalmente. Eles se encontram em tarefa de auxílio.
Conhecem profundamente certas regiões do submundo astral e são temidos pela sua rigidez e disciplina.
Formam, por assim dizer, a nossa força de defesa, pois vocês não ignoram que lidamos, em um número imenso de vezes, com entidades perversas, espíritos de baixa vibração e verdadeiros marginais do mundo astral, que só reconhecem a força das vibrações elementares, de um magnetismo vigoroso, e personalidade forte que se impõem. Essa, a atividade dos guardiões. Sem eles, talvez, as cidades estivessem à mercê de tropas de espíritos vândalos ou nossas atividades estivessem seriamente comprometidas.
São respeitados e trabalham à sua maneira para auxiliar quanto possam. São temidos no submundo astral, porque se especializaram na manutenção da disciplina por várias e várias encarnações.
Muitos do próprio culto confundem os Exus com outra classe de espíritos, que se manifestam à revelia em terreiros descompromissados com o bem.
Na Umbanda a caridade é Lei Maior, e esses espíritos, com aspectos mais bizarros, que se manifestam em médiuns são, na verdade, outra classe de entidades, espíritos marginalizados por seu comportamento ante a vida, verdadeiros bandos de obsessores, de vadios, que vagam sem rumo nos sub-planos astrais e que são, muitas vezes, utilizados por outras inteligências, servindo a propósitos menos dignos. Além disso, encontram médiuns irresponsáveis que se sintonizam com seus propósitos inconfessáveis e passam a sugar as energias desses médiuns e de seus consulentes, exigindo “trabalhos”, matanças de animais e outras formas de satisfazerem sua sede de energia vital. São conhecidos como os quiumbas, nos pântanos do astral. São
maltas de espíritos delinqüentes, à semelhança daqueles homens que atualmente são considerados na Terra como irrecuperáveis socialmente, merecendo que as hierarquias superiores tomem a decisão de expurgá-los do ambiente terrestre, quando da transformação que aguardamos neste milênio. Os médiuns que se sintonizam com essa classe de espíritos desconhecem a sua verdadeira situação.
Depois, existe igualmente um misticismo exagerado em muitos terreiros que se dizem umbandistas e se especializam em maldades de todas as espécies, vinganças e pequenos “trabalhos”, que realizam em conluio com os quiumbas e que lhes comprometem as atividades e a tarefa mediúnica. São, na verdade, terreiros de Quimbanda, e não de Umbanda. Usam o nome da Umbanda como outros médiuns utilizam-se do nome de espíritas, sem o serem.
Os espíritos que chamamos de Exus são, na verdade, os guardiões, os atalaias do Plano Astral, que são confundidos com aqueles dos quais falei.
São bondosos, disciplinados e confiáveis. Utilizam o rigor a que estão acostumados para impor respeito, mas são trabalhadores do BEM.
São eles os verdadeiros Exus da Umbanda, conhecidos como guardiões, nos sub-planos astrais ou umbral. Verdadeiros defensores da ordem, da disciplina, formam a polícia do mundo astral, os responsáveis pela manutenção da segurança, evitando que outros espíritos descompromissado s com o bem instalem a desordem, o caos, o mal. Tem experiência nessa área e se colocam a serviço do bem, mas são incompreendidos em sua missão e confundidos com demônios e com os quiumbas, os marginais do mundo astral.
NÃO EXIGEM NEM ACEITAM “TRABALHOS”, DESPACHOS OU OUTRAS COISAS RIDÍCULAS das quais médiuns irresponsáveis, dirigentes e pais de santo ignorantes se utilizam para obter o dinheiro de muitos incautos que lhes cruzam os caminhos. Isso é trabalho de Quimbanda, de magia negra. E NADA TEM A VER COM A UMBANDA!

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